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O cheiro de putrefação e morte permeia o assentamento Beeri, comunidade agrícola vizinha à Faixa de Gaza, no sul de Israel e palco de um dos piores massacres que o país sofreu no ataque do grupo islâmico palestino Hamas no último sábado (7), com mais de cem civis mortos.
Os corpos de dois integrantes do Hamas ainda estão na entrada do assentamento. As unidades de elite israelenses conseguiram quebrar a resistência dos combatentes entrincheirados no local após 48 horas de combates ferozes.
No início, o Hamas fez muitos reféns entre os moradores do assentamento e, em determinado momento, em um prédio havia 40 reféns e 20 membros do grupo, relatou um oficial militar israelense à Agência EFE durante uma visita da imprensa ao local.
Durante a luta para retomar o controle desse prédio, seis soldados israelenses foram mortos, e vários reféns foram resgatados com vida após seis ou sete horas de combate.
O número de cem israelenses assassinados no local é provisório, pois as equipes de emergência ainda estão procurando corpos no complexo de 600 casas, que abrigava cerca de 1,2 mil pessoas antes da invasão.
Um membro do serviço de emergências Zaka, que está retirando os corpos dos mortos, disse à EFE, sob condição de anonimato, que encontrou corpos mutilados, torturados e carbonizados no local.
“Há pais que viram seus filhos serem mortos e há crianças que viram seus pais serem mortos”, disse o comandante Doron Spielman à EFE sobre as cenas dentro do assentamento durante o cerco de dois dias.
“Agora há parentes que estão vindo para identificar as vítimas, trazendo seu DNA para tentar identificar os corpos desmembrados e esquartejados”, explicou Spielman.
“Foi o maior massacre de todas as comunidades dessa região”, acrescentou.
Quatro ou cinco prédios do assentamento estão reduzidos a escombros ou muito destruídos, em parte pelo ataque do Hamas, em outra pelos combates posteriores para recuperar o controle do local.
Devido à proximidade com Gaza, a apenas 5 km da cerca de divisão, Beeri provavelmente foi um dos primeiros assentamentos a serem arrasados pelos cerca de mil combatentes palestinos que invadiram o território de Israel nas primeiras horas da manhã de sábado, e foi um dos últimos a serem totalmente retomados pelas forças do país.
Os integrantes do Hamas que assumiram o controle de Beeri se disfarçaram com uniformes do Exército israelense e começaram a atirar contra as unidades militares que se aproximavam, revelou o escritório de comunicações das Forças de Defesa de Israel.
Em resposta, os militares dispararam projéteis de tanques contra os terroristas e, em seguida, retomaram o controle da região casa por casa, segundo o comunicado militar.
O ataque do Hamas, realizado por cerca de mil homens, pegou Israel de surpresa e inicialmente permitiu que os agressores assumissem o controle de cerca de 30 comunidades, que levaram mais de dois dias para serem retomadas.
Em Israel, cerca de 1,2 mil pessoas morreram e mais de 3 mil ficaram feridas nos ataques, enquanto na Faixa de Gaza a contraofensiva israelense já deixou 1,1 mil mortos e 5.330 feridos.