![7 dramas eleitorais ao redor do mundo Manifestação antigovernamental no centro da capital Argel, na Argélia](https://media.gazetadopovo.com.br/2019/11/22135741/000_1MH6OE-960x540.jpg)
Uma possível terceira eleição em Israel, fraude na Bolívia e muitas outras confusões e traumas estão acontecendo em países que estão passando por processos eleitorais. Saiba mais sobre os principais impasses eleitorais ao redor do mundo.
Israel
![Primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu | FOTO: GALI TIBBON/AFP Primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu | FOTO: GALI TIBBON/AFP](https://media.gazetadopovo.com.br/2019/11/22140012/000_1MF55S.jpg)
Os israelenses podem ter que ir às urnas pela terceira vez este ano: o país e seus líderes estão tão divididos que nenhum partido conseguiu formar uma coalizão governante.
O impasse começou em abril, quando o partido Likud, do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, conquistou a maioria dos votos, mas não conseguiu formar um governo. Isso porque Avigdor Liberman, ex-amigo do primeiro-ministro, se voltou contra Netanyahu e se recusou a se juntar à coalizão.
No que era então um evento sem precedentes, as eleições foram convocadas novamente - para setembro. Os resultados, porém, foram basicamente os mesmos.
Liberman, ainda irritado com a aliança de Netanyahu com partidos ultraortodoxos, entre outras queixas, recusou-se a fazer parte de um governo liderado pelo Likud, com Netanyahu no comando. Então Benny Gantz, o chefe do segundo maior partido de Israel, Azul e Branco, teve a chance de formar um governo. Ele também não conseguiu construir uma coalizão forte o suficiente.
Agora, nas próximas três semanas, qualquer membro no parlamento de Israel poderá tentar formar uma coalizão governante. Se isso falhar, como tudo indica que vai acontecer, a única opção restante será um terceiro turno de eleições.
Enquanto isso, Netanyahu, o primeiro-ministro por mais tempo em Israel, foi indiciado nesta quinta-feira (21) por suborno, fraude e quebra de confiança. Ele está ansioso por permanecer no poder para aprovar uma lei de imunidade para se proteger, dizem seus críticos.
Reino Unido
![Apoiadores de Jo Swinson, líder da oposição liberal no Reino Unido | FOTO: Oli SCARFF / AFP Apoiadores de Jo Swinson, líder da oposição liberal no Reino Unido | FOTO: Oli SCARFF / AFP](https://media.gazetadopovo.com.br/2019/11/22140357/000_1MH6HN.jpg)
Os eleitores do Reino Unido escolheram deixar a União Europeia, mas o Brexit não correu bem.
Três diferentes primeiros-ministros sucessivos do Partido Conservador não conseguiram fechar um acordo sobre o Brexit que satisfaça a União Europeia e os políticos britânicos. Em meio a esse caos, os eleitores voltarão às urnas em 12 de dezembro - a segunda eleição em pouco mais de dois anos.
Pressionar as eleições é uma grande aposta do primeiro-ministro Boris Johnson, chefe do Partido Conservador: ele está tentando garantir uma maioria mais forte no Parlamento para aprovar seu acordo do Brexit.
Os britânicos, no entanto, não poderiam estar menos empolgados com outra rodada de votação. A atmosfera geral é de "medo e ódio", resumiu Adam Taylor, repórter do Washington Post.
Hong Kong
![Pedestres passam por um banner de campanha para as eleições distritais de Hong Kong | FOTO: Nicolas ASFOURI / AFP Pedestres passam por um banner de campanha para as eleições distritais de Hong Kong | FOTO: Nicolas ASFOURI / AFP](https://media.gazetadopovo.com.br/2019/11/22140652/000_1MH0XN.jpg)
Hong Kong está a apenas três dias das eleições distritais locais - uma votação divisiva e significativa, já que é a primeira desde que as manifestações antigovernamentais começaram, seis meses atrás.
"Embora ela não altere fundamentalmente o sistema político de Hong Kong, que, segundo os críticos, está contra o campo pró-democracia, ela é um referendo oportuno sobre o apoio a um movimento de protesto que mostra poucos sinais de que vai diminuir", informou o Financial Times.
Alguns especularam que as eleições seriam canceladas por causa dos protestos diários, especialmente porque alguns manifestantes permanecem escondidos na Universidade Politécnica de Hong Kong, onde resistiram à prisão após uma batida policial e confrontos que se seguiram.
As tensões são altas. Enquanto os manifestantes continuam a exigir mais liberdades políticas, pelo menos oito candidatos ou ativistas pró-democracia foram atacados ou agredidos antes da votação, segundo o Financial Times. Uma pessoa até teve parte da orelha arrancada. Enquanto isso, o maior partido pró-Beijng de Hong Kong vem pedindo aos eleitores que "expulsem a força negra", segundo a Associated Press.
Bolívia
![Homem ao lado de dois caixões após a polícia boliviana dispersar com gás lacrimogêneo a procissão e marcha contra o governo em La Paz, 21 de novembro de 2019 | FOTO: RONALDO SCHEMIDT / AFP Homem ao lado de dois caixões após a polícia boliviana dispersar com gás lacrimogêneo a procissão e marcha contra o governo em La Paz, 21 de novembro de 2019 | FOTO: RONALDO SCHEMIDT / AFP](https://media.gazetadopovo.com.br/2019/11/22141044/000_1MG8ID.jpg)
Mais de 30 pessoas morreram em protestos na Bolívia, desde que as disputadas eleições presidenciais de 20 de outubro jogaram o país em turbulência. Agora, a presidente interina da Bolívia, Jeanine Añez, propôs a realização de novas eleições, embora uma data ainda não esteja prevista. O assunto está sendo discutido no Senado, em uma comissão composta por um opositor do ex-presidente Evo Morales e dois aliados dele.
A agitação começou depois que Morales reivindicou a vitória nas eleições de outubro, que teriam inaugurado seu quarto mandato - na Bolívia, a constituição prevê apenas uma reeleição. Mas seus oponentes de direita foram às ruas e o acusaram de fraude eleitoral. Após semanas de tumultos e confrontos entre a polícia e os manifestantes, em 9 de novembro, a Organização dos Estados Americanos divulgou um relatório de que havia encontrado "manipulação clara" nas eleições.
Horas depois de perder o apoio militar, da polícia e até de sindicatos de trabalhadores, Morales renunciou. Ele denunciou sua expulsão como golpe e partiu para o exílio no México.
Isso, contudo, não acabou com a agitação no país. Os partidários de Morales se opõem ao governo interino que o substituiu. É previsto que mais atos violentos ocorram antes das novas eleições.
Sri Lanka
![O novo presidente do Sri Lanka, Gotabaya Rajapaksa (na direita), e seu irmão primeiro-ministro Mahinda Rajapaksa | FOTO: ISHARA S. KODIKARA / AFP O novo presidente do Sri Lanka, Gotabaya Rajapaksa (na direita), e seu irmão primeiro-ministro Mahinda Rajapaksa | FOTO: ISHARA S. KODIKARA / AFP](https://media.gazetadopovo.com.br/2019/11/22141526/000_1MH1XR.jpg)
No domingo (17), os eleitores do Sri Lanka elegeram Gotabaya Rajapaksa, ex-ministro da Defesa acusado de violações dos direitos humanos, como seu novo presidente. Após uma eleição tensa, Rajapaksa pode ter dificuldades para formar um governo.
"Com muitos poderes executivos cortados e a oposição no controle de um parlamento poderoso, o ex-oficial de defesa que inspira respeito, mas também teme, pode ter dificuldade em montar um governo", informou a AP na terça-feira.
Na quarta-feira, Rajapaksa fez um movimento para consolidar seu poder nomeando o irmão mais velho Mahinda Rajapaksa, ex-presidente e outra figura controversa, como primeiro-ministro.
A campanha deste ano se concentrou em questões de segurança, principalmente depois que ataques reivindicados pelo Estado Islâmico e realizados por extremistas locais mataram mais de 260 pessoas no domingo de Páscoa em abril. Mas os remanescentes da guerra civil do país também o apoiaram.
"Seus apoiadores acreditam que Gotabaya Rajapaksa ajudou a acabar com a brutal guerra civil de décadas da nação insular em 2009. Durante a campanha eleitoral, ele fez da segurança nacional um foco e prometeu manter o Sri Lanka seguro", Joanna Slater e Hafeel Farisz, do Washington Post, informaram da capital, Colombo.
"Mas para outros, incluindo a minoria tâmil do país, uma vitória de Rajapaksa é motivo de medo", continua a reportagem. "Seu mandato como secretário de Defesa foi marcado por acusações de violações de direitos humanos, incluindo o assassinato e sequestro de jornalistas e opositores políticos. Eles esperam uma repressão aos dissidentes e uma volta ao governo autoritário. Rajapaksa nega as alegações".
Argélia
![Manifestantes argelinos agitam a bandeira nacional durante uma manifestação antigovernamental no centro de Argel | FOTO: RYAD KRAMDI / AFP Manifestantes argelinos agitam a bandeira nacional durante uma manifestação antigovernamental no centro de Argel | FOTO: RYAD KRAMDI / AFP](https://media.gazetadopovo.com.br/2019/11/22141956/000_1MH77E.jpg)
Em meio à onda global de protestos, os movimentos de mudança política da Argélia não renderam tantas manchetes. Em abril, depois semanas de protestos, o presidente Abdelaziz Bouteflika deixou o cargo, colocando fim ao seu governo de duas décadas. Os protestos começaram em fevereiro, quando Bouteflika, envelhecido e doente, apoiado pelos serviços militares e de inteligência, anunciou que estaria concorrendo a outro mandato.
Agora, os líderes interinos em apuros do país estabeleceram 22 de dezembro como a data para novas eleições - mas o povo também não está feliz com isso.
"Os ativistas estão exigindo reformas abrangentes antes de qualquer votação e dizem que as figuras da era Bouteflika que ainda estão no poder não devem usar a eleição presidencial como uma oportunidade para nomear seu sucessor", relatou a agência France 24.
Dezenas de milhares de argelinos têm realizado protestos semanais contra as eleições.
Afeganistão
![Presidente do Afeganistão, Ashraf Ghani, que concorre à reeleição, não ficou ferido Presidente do Afeganistão, Ashraf Ghani, que concorre à reeleição, não ficou ferido](https://media.gazetadopovo.com.br/2019/09/17065857/000_1K73L9.jpg)
Os afegãos votaram em um novo presidente em 28 de setembro - mas ninguém sabe quem ganhou, já que a comissão eleitoral continua perdendo o prazo para divulgar os resultados, citando questões técnicas e de transparência.
"Os líderes, o presidente Ashraf Ghani e o executivo-chefe Abdullah Abdullah, disseram que esperam vencer e indicaram que não aceitarão a derrota por causa de suspeitas de falhas no processo de votação", relataram em Cabul Susannah George e Sayed Salahuddin, do Washington Post.
"Os resultados inconclusivos das eleições e fraude nas eleições presidenciais anteriores, em 2014, quase destruíram o país", continuaram os relatórios. "Uma crise política foi evitada somente depois que os Estados Unidos negociaram um acordo de compartilhamento de poder entre Ghani e Abdullah".
Deixe sua opinião