Milhares de venezuelanos comparecem às urnas neste domingo para votar em um plebiscito simbólico que pretende deixar clara a insatisfação popular com o governo do presidente Nicolás Maduro. De acordo com a oposição, duas pessoas foram mortas por grupos “paralimitares”.
Os eleitores, muitos vestidos de branco ou com acessórios nas cores da bandeira nacional, procuram desde cedo as mesas instaladas pela coalizão opositora MUD (Mesa da Unidade Democrática) em todo o país.
A votação começou às 7h no horário local (8h em Brasília) e seguirá até às 17h. Foram montados 14.300 pontos para receber votos na Venezuela e mais 500 em outros países, incluindo o Brasil.
Os eleitores precisam responder se rejeitam a criação de uma Assembleia Constituinte, convocada por Maduro em maio. A votação também pergunta se o cidadão aprova a realização de novas eleições e se concorda que o Exército e os funcionários públicos devem ser obrigados a defender e seguir a constituição atual.
"Liberdade", gritam alguns nos centros de votação. "Estou manifestando meu descontentamento com o governo. Não conseguimos remédios, cada vez temos menos comida em casa. E eles só querem seguir no poder. Voltamos para retirá-los", disse Tibisay Méndez, 49, em um ponto de votação no sudeste de Caracas.
A Venezuela vive uma forte onda de protestos que deixaram 95 mortos desde o dia 1º de abril. O país enfrenta uma das piores crises econômicas de sua história, que gera escassez severa de produtos e inflação de três dígitos.
Mortes
A oposição venezuelana afirma que duas pessoas foram mortas a tiros e quatro ficaram feridas durante a consulta popular em Caracas.
Carlos Ocariz, porta-voz da coalizão oposicionista União Democrática, afirmou que atiradores "paramilitares" apareceram durante a tarde no bairro de Catia, onde milhares de pessoas participavam de um evento de oposição ao governo. "Aparentemente, duas pessoas foram mortas", afirmou Ocariz.
‘Hora zero”
A oposição espera que o comparecimento seja maciço para exigir que Maduro convoque eleições presidenciais antes do fim de seu mandato, no início de 2019.
"Se no domingo saírem 11 milhões de venezuelanos, na segunda-feira passaremos a uma etapa de mais pressão. A hora zero depende da contundência deste 16 de julho. As próximas horas são decisivas", disse o líder oposicionista Henrique Capriles.
"Se uma imensa maioria se manifestar, na segunda amanhecerá uma nova Venezuela. Daremos uma mensagem muito clara e o governo terá que respeitar esta decisão", acrescentou Capriles, duas vezes candidato à Presidência.
Analistas calcularam que o comparecimento pode ficar em torno de 10 milhões de pessoas. Nas últimas eleições parlamentares, em 2015, 7,7 milhões votaram na oposição e permitiram que ela rompesse a supremacia chavista no Congresso.
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