O presidente Néstor Kirchner sofreu uma dupla derrota eleitoral domingo quando a oposição conquistou a prefeitura de Buenos Aires e o governo da província de Tierra del Fuego, na Patagônia. Há quatro meses das eleições presidenciais, estas derrotas soaram como ameaça ao governismo.
O magnata, deputado de direita e presidente do clube de futebol Boca Juniors, Mauricio Macri, foi eleito prefeito de Buenos Aires com 60,96% dos votos no segundo turno contra Daniel Filmus, atual ministro da Educação, que obteve 39,04% dos votos.
À esperada vitória de Macri se somou à conquista da opositora Fabiana Ríos, social-democrata da Alternativa para uma República Igualitária (ARI) no governo da Tierra del Fuego. Ela derrotou o atual governador da província, peronista e correligionário de Kirchner, Hugo Cóccaro.
As duas derrotas renovaram o cenário político e deram forças às esperanças de uma oposição desmembrada, diante das eleições presidenciais de 28 de outubro, em que a situação se mantinha até agora como franca favorita. Apesar dos resultados positivos, a direita ainda precisa reunir forças para lutar contra o "kirchnerismo".
O governo vem adiando o anúncio de quem será seu candidato presidencial, já que ainda não ficou definido se Kirchner disputará a reeleição ou se quem concorrerá será a primeira-dama e senadora, Cristina Fernández de Kirchner.
Já o economista Ricardo López Murphy - neoliberal graduado na escola de Chicago que fundou em 2003, junto com Macri, a aliança de direita Proposta Republicana (PRO) - já se lançou à corrida presidencial e aguarda o apoio do futuro prefeito de Buenos Aires.
"O apoio de Macri à minha candidatura vai se dar, acredito eu, naturalmente. Diria que é inevitável, já conto com isso", disse López Murphy no domingo. O candidato conta tem 6% das intenções de voto para outubro, mas ele espera se beneficiar com a popularidade de Macri.
Outro que está atento aos movimentos do prefeito eleito é o ex-ministro de Economia e presidenciável Roberto Lavagna, cuja candidatura conta com o apoio de peronistas dissidentes e social-democratas da opositora Unión Cívica Radical (UCR).
A vitória de Ríos na Tierra del Fuego, por sua vez, renovou as expectativas de Elisa Carrió. Candidata presidencial pela ARI, esta crítica ferrenha do "kirchnerismo" espera conseguir formar uma coalizão cívica.
As eleições para governantes provinciais deram a Kirchner uma única vitória, em Entre Ríos, e alguns resultados positivos com seus aliados, chamados de "radicais K". Até 28 de outubro, serão definidos os futuros governos em seis distritos, inclusive o de Santa Cruz, berço político do presidente.
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