Pelo menos 23 pessoas morreram neste domingo (3) após a explosão de duas bombas no bairro xiita de Abbas Town, na cidade de Karachi, no sul do Paquistão. Outras 50 pessoas ficaram feridas, mas, segundo a polícia, o número de mortos pode aumentar.
O atentado é mais uma ação violenta em meio ao conflito sectário entre sunitas e xiitas no país, que também se repete em outras nações do Oriente Médio, como Iraque e Afeganistão. Nenhuma entidade reivindicou a ação até o momento.
O ataque ocorreu por volta das 19h30 locais (11h30 em Brasília), quando centenas de fiéis saíam de uma mesquita em uma área comercial do bairro. Agentes de segurança dizem que a primeira bomba foi instalada em uma moto estacionada na rua, enquanto a outra, detonada por um homem-bomba.
Com o impacto, as fachadas dos prédios da região foram destruídos e alguns dos edifícios pegaram fogo. O primeiro-ministro paquistanês, Raja Pervez Ashraf, condenou o atentado e afirmou que "os que atacam civis inocentes servem aos interesses de elementos contrários ao Estado e à sociedade".
A polícia paquistanesa busca os autores da ação, mas a principal suspeita é de que tenha sido feita pelo grupo sunita Lashkar-e-Jhangvi, organização sunita que foi responsável por dois atentados contra grupos xiitas em bairros de Quetta, no noroeste do país.
As ações, que aconteceram em janeiro e fevereiro, foram uns dos piores atentados sectários da história do Paquistão e deixaram mais de 200 mortos. Há três meses, um ataque com uma motocicleta carregada de bombas matou três xiitas em frente a um centro religioso no mesmo bairro da cidade de Karachi.
Devido ao aumento da violência, os xiitas fizeram protestos contra o avanço do terrorismo sunita, pedindo mais medidas para proteger a etnia, que representa 20% da população. Mas as autoridades paquistanesas se mostraram impotentes para frear o aumento da violência contra o grupo.
Segundo a Comissão Independente de Direitos Humanos do Paquistão, 2.284 pessoas morreram no ano passado em decorrência de conflitos étnicos, sectários ou políticos em Karachi, o ano mais mortífero dos últimos 20 anos.