Pelo menos 38 pessoas morreram, e mais de 160 ficaram feridas, em dois atentados cometidos no sábado no centro turístico de Istambul, informou o ministro do Interior, Suleyman Soylu.
Um carro-bomba atingiu um carro de transporte da Polícia nos arredores do estádio da equipe de futebol do Besiktas, depois do fim da partida contra o Bursaspor.
Uma segunda detonação, “que parece ter sido obra de um suicida”, aconteceu no parque Maçka, indicou Soylu, denunciando um “plano totalmente abominável”.
“Parece que essas explosões, que aconteceram logo após o jogo Besiktas-Bursaspor, tinham como objetivo causar o maior número possível de vítimas”, afirmou, por sua vez, o presidente Recep Tayyip Erdogan, em um comunicado.
O presidente cancelou sua viagem marcada neste domingo para o Cazaquistão em função do atentado.
O governo decretou um dia de luto em homenagem aos mortos. Nenhum grupo assumiu a autoria dos ataques até o momento. “O nome da organização terrorista que cometeu esse covarde ataque não tem nenhuma importância”, declarou o presidente. “Que ninguém duvide que conseguiremos vencer essas organizações terroristas e os que estão por trás delas”, completou.
Esse duplo ataque atingiu um bairro turístico de Istambul localizado entre a emblemática praça Taksim e o antigo palácio imperial de Dolmabahçe.
Depois da explosão, as autoridades bloquearam rapidamente todos os acessos ao bairro do estádio. Nos arredores, dezenas de policiais, com metralhadoras e pistolas, impediam a passagem, enquanto um helicóptero sobrevoava a área.
Dezenas de ambulâncias chegaram ao local, enquanto outras se afastavam com feridos a bordo, constatou um jornalista da AFP. Um agente de segurança que trabalhava em um prédio perto do estádio contou ter ouvido “duas explosões no intervalo de menos de um minuto”, seguidas de “disparos”.
Uma testemunha da deflagração, que pediu para não ser identificada, disse ter visto “pedaços de corpos voando”. Outro jornalista da AFP viu um ônibus municipal usado para transportar policiais, com as janelas em estilhaços.
“Terroristas (...) atacaram nossas heroicas forças de segurança, que garantiam a segurança dos nossos torcedores e dos torcedores da equipe visitante Brusaspor (...) Nos levantaremos contra esses covardes”, reagiu o clube de Besiktas, em um comunicado.
As autoridades proibiram a difusão de imagens relacionadas ao ataque, uma medida adotada após cada atentado.
Segundo a agência de notícias do governo, Anadolu, o Ministério Público antiterrorista de Istambul abriu uma investigação da explosão.
Onda de atentados
A Turquia foi alvo de inúmeros ataques ligados à rebelião separatista do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), ou atribuídos ao grupo Estado Islâmico (EI), principalmente em Istambul e Ancara.
O PKK e uma organização dissidente conhecida pelo nome de TAK costumam atacar veículos da Polícia. Dois atentados anteriores contra ônibus de Polícia deixaram dezenas de mortos este ano em Ancara.
Quatro turistas morreram, e 36 pessoas ficaram feridas perto da praça Taksim, na célebre avenida Istiklal, em um atentado suicida ocorrido em março e reivindicado pelo EI.
As autoridades também afirmaram que os extremistas foram os responsáveis de um atentado que deixou 47 mortos em junho passado no aeroporto Atatürk, de Istambul.
Membro da coalizão internacional que combate o EI na Síria e no Iraque, a Turquia iniciou em agosto uma ofensiva no norte da Síria para pressionar os extremistas para o sul.
Diante do risco de atentados em Istambul, os Estados Unidos ordenaram a evacuação, em outubro, das famílias dos funcionários de seu consulado nessa cidade.
No Twitter, a embaixada dos Estados Unidos em Ancara condenou um “ataque covarde” e garantiu que estava “ao lado do povo turco contra o terrorismo”.
Já o presidente do Parlamento europeu, Martin Schulz, expressou sua “solidariedade com os cidadãos turcos, com as famílias das vítimas do ataque de Istambul”.
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