Madri - Nenhum nobre no mundo tem mais títulos do que ela e nenhuma espanhola tem uma fortuna maior do que a dela. Mas não foi o poder nem o dinheiro, e sim o amor, que, aos 85 anos, devolveu à aristocrata Cayetana Fitz-James Stuart, mais conhecida como duquesa de Alba, sua vitalidade.
Isso ela conta quando é interceptada pela chamada prensa rosa, a imprensa marrom que a persegue com especial entusiasmo nos últimos três anos. Nesse período, o romance entre a octogenária de sangue azul e um funcionário público boa pinta, 25 anos mais novo do que ela, foi esquentando.
A prova disso é que, contra ventos e marés, na próxima quarta-feira, a duquesa dirá o terceiro "sí, quiero" de sua vida. "Sou uma mulher feliz. Alfonso [Díez] é fantástico e mudou totalmente a minha vida", derrama-se a chefe da tradicional Casa de Alba, considerada pela imprensa como "a mais nobre hippie", já que se veste de maneira jovial e informal.
Com problemas de saúde como isquemia cerebral, hidrocefalia, dificuldade de locomoção e de fala e um rosto desfigurado pelas repetidas cirurgias plásticas, Cayetana encontrou em seu patrimônio um empecilho para o casamento. Deparou-se com a férrea oposição de seus herdeiros e, dizem, até do rei Juan Carlos. Proprietária de palácios, castelos, mansões, latifúndios rurais, ações, imóveis de aluguel, joias de valor incalculável, documentos históricos valiosíssimos e da maior coleção privada de arte da Espanha, a poderosa duquesa conseguiu calar a prole distribuindo em vida parte de sua fortuna difícil de calcular, mas que pode chegar a 3,5 bilhões de euros.
Nem todos saíram satisfeitos com a partilha. Jacobo, de 57 anos, conde de Siruela, até então o mais reservado, não gostou de que a sua parte da herança fossem "várias propriedades rurais", enquanto os irmãos receberam palácios e mansões.
Cayetana disse que estava muito feliz com seu namorado e com seus filhos, exceto com Jacobo e sua esposa, a qual qualificou de "má e invejosa".
"Casar-me agora não foi a decisão mais difícil da minha vida. Foi, sim, algo difícil de conseguir. Mas a decisão de casar-me já estava tomada. Não tinha dúvidas", confessou.
A duquesa, viúva de um engenheiro e de um ex-jesuíta, não entendia a contrariedade de Carlos, Alfonso, Jacobo, Fernando, Cayetano e Eugenia. O noivo já tinha assinado um documento renunciando ao patrimônio da futura esposa, dona de riquezas como o primeiro mapa da América trazido por Cristóvão Colombo; o último testamento de Fernando, o Católico; a primeira edição de Dom Quixote, de 1605, uma aquarela assinada por Charles Chaplin.
"Não fazemos mal a ninguém. Alfonso não quer nada, renunciou a tudo. Só quer a mim", disse.
Mas a prensa rosa faz a festa. Sobre Alfonso Díez, rumores de que seria homossexual. Oportunista é uma palavra usada corriqueiramente para descrevê-lo.
O noivo se justificou à revista ¡Hola!. "Não me caso pelos bens materiais porque não preciso, tenho o suficiente. Entrar numa aventura com alguém por dinheiro pode acontecer quando você tem 25 anos, na minha idade, não. Cayetana é incrível, humana, sensível, tem uma grande energia e é muito carinhosa. Acho que dei a ela muita alegria e vontade de continuar devorando o mundo", disse.
Velho amigo da duquesa, Díez conheceu Cayetana quando o segundo marido, Jesús Aguirre, morto em 2001, ainda era vivo. Foi por intermédio do irmão de Díez dono uma loja de antiguidades, que tinha Aguirre como cliente e amigo que o futuro noivo e a duquesa foram ficando amigos.
A decisão de casar veio depois de três anos de namoro. O futuro duque-consorte pode até ter aberto mão da herança, mas receberá um salário vitalício de 2 mil euros mensais.
Na reta final para a cerimônia de quarta-feira "o casamento da década" para os espanhóis , a mídia vem dedicando cada vez mais espaço a informações sobre o casal, que estaria até planejando adotar um bebê.
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