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Resistência

É mais fácil sobreviver em grupo, diz especialista

Paris - Conservar o ritmo de sono, alimentar a esperança, manter a coesão do grupo e ter cuidado com os dejetos, tudo em um espaço confinado: estes são alguns dos desafios que enfrentam os 33 mineiros presos a 700 metros de profundidade sob a terra, no Chile, para sobreviver de 3 a 4 meses enclausurados.

"É mais fácil sobreviver em grupo. Sozinho, você pode acabar ficando desesperado, achando que tudo está perdido. Em grupo, se você fraquejar, os outros vão te ajudar", diz Michel Siffre, espeleologista e cientista, que realizou inúmeras experiências de confinamento em condições extremas. "Em princípio, quando a sobrevivência está em jogo, o grupo tem que se ajudar. Em todas as experiências de sobrevivência, os problemas psicológicos são deixados de lado até que a solução seja atingida. Ante o perigo, as pessoas se controlam", observa Henry Vaumoron, secretário-geral da Federação Francesa de Espeleologia.

"Mas como no quadro

A Jangada de Medusa, de Géricault, onde os sobreviventes tentam matar uns aos outros, ou no acidente do avião uruguaio na Cordilheira dos Andes em 1972, quando os passageiros sobreviveram graças ao canibalismo, tudo pode acontecer", relembra Siffre, que passou dois meses sozinho a menos de cem metros de profundidade e zero graus de temperatura em 1962.

Uma experiência conduzida há várias décadas pela Nasa – a Agência Espacial Norte-Americana – com uma equipe com autonomia total, mostrou que quatro dos membros da missão não conseguiam suportar o quinto companheiro e queriam até matá-lo, explicou. "Em situações entre a vida e morte, Darwin explica, o mais forte sobrevive. E a atitude mental é primordial. É preciso ter fé", acrescenta Siffre.

Para organizar a vida em grupo e solucionar eventuais conflitos, os "chefes" devem emergir: superior em hierarquia ou indivíduo que, em um momento excepcional, se revela um líder, segundo Siffre. As pessoas presas devem manter o mesmo ritmo de sono da superfície, já que sem a luz do dia perdemos a noção do tempo. "As experiências realizadas em grutas longes de qualquer referência temporal mostraram que o organismo tem seu relógio biológico que começa a funcionar, dividido em 26 horas", explica Sophie Lumineau, professora e pesquisadora de cronobiologia da Universidade de Rennes.

Graças à comunicação com os socorristas, é possível informar o ritmo do mundo exterior, por exemplo, enviando comida em horários fixos. Eles poderão ter, provavelmente, iluminação com a ajuda de lâmpadas encaminhadas através de um tubo. Para que eles possam sobreviver, será preciso renovar o oxigênio no ar, enviar água e alimento. Eles devem se hidratar todo o tempo, bebendo líquido sem parar, já que a 33 graus Celsius, a água do corpo evapora rapidamente.

"Será preciso fornecer um alimento mais aguado a eles.

Quanto menos eles forem ao banheiro, melhor. Quando se está preso sob a terra, é preciso enterrar os excrementos", diz Henry Vaumoron. "Todos terão problemas de visão quando saírem. Constatamos um aumento da miopia, da visão de profundidade e das cores quando vivemos sem luz", finaliza Siffre.

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