O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araujo | Foto: José Cruz/Agência Brasil| Foto: José Cruz/Agência Brasil

Durante visita aos EUA nesta segunda-feira (29), o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, afirmou que é preciso manter a pressão diplomática sobre o regime de Nicolás Maduro, mas mostrou cautela ao discutir prazos para a possível destituição do ditador da Venezuela.

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Às vésperas de uma manifestação popular marcada para o feriado de 1º de Maio contra Maduro, Araújo disse que é preciso "ser prudente" e "não esperar demais nesse momento".

Presidente interino da Venezuela desde 23 de janeiro, o opositor Juan Guaidó convocou protestos para exigir, nas suas palavras, o fim definitivo da usurpação de Maduro do poder no país.

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"Precisamos ser prudentes porque, desde janeiro, temos a expectativa de que o processo de transição democrática se complemente e aconteça a partir da ascensão do presidente Guaidó. A esperança é sempre muito presente de que essa extraordinária mobilização popular que está havendo na Venezuela se consolide e que haja realmente o recomeço da democracia", disse Araújo após reunião com o secretário de Estado americano, Mike Pompeo.

"Mas é preciso ser prudente e não esperar demais nesse momento. Se for nesses dias [a destituição de Maduro], seria realmente extraordinário", completou.

Sem mudança de posicionamento

Esta é a terceira vez que o chanceler brasileiro viaja a Washington desde o início do governo de Jair Bolsonaro. Nesta segunda, além de Pompeo, Araújo foi recebido – a seu pedido –  pelo secretário de Segurança Nacional dos EUA, John Bolton.

Ambos são os principais conselheiros do presidente Donald Trump conhecidos por defender uma posição linha-dura diante da crise venezuelana, sem descartar, inclusive, uma intervenção militar.

Araújo, por sua vez, afirmou que não houve nenhuma mudança de posição do Planalto -contrário a uma ação que vá além da ajuda humanitária na fronteira-  e disse a jornalistas que seu encontro com integrantes da alta cúpula do governo americano foi apenas para atualizar compromissos fechados durante a visita de Bolsonaro ao país, no mês passado.

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"Seguimos com a pressão diplomática em todas as frentes, estimulando a mobilização popular e há muita expectativa para o 1º de Maio. Temos esperança, não sabemos se vai acontecer agora ou um pouco mais adiante, mas estamos seguros de que vai haver o retorno da democracia na Venezuela".

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]

Araújo nos EUA

Quem acompanha visitas de autoridades internacionais aos EUA afirma que causa estranheza o retorno do chanceler apenas pouco mais de um mês depois da viagem do presidente.

Araújo esteve em Washington em fevereiro para preparar a chegada de Bolsonaro; durante a viagem do presidente, em março, acompanhou a comitiva do governo brasileiro, e nesta segunda, reuniu-se com Pompeo e Bolton.

O ministro disse que estava em Los Angeles neste domingo (28) para um seminário sobre investimentos e aproveitou para ir à capital americana – o deslocamento entre as cidades, porém, é de quase seis horas de avião.

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Na avaliação de Araújo, a pressão econômica feita principalmente pelos EUA tem surtido efeito para sufocar o regime de Maduro e, apesar de a ordem no Brasil ser de seguir com a pressão diplomática, é preciso "ver sempre quais seriam os próximos passos".

"Falamos da necessidade de continuar [pressionando o regime], sem esmorecer. A situação continua, a meu ver, avançando rumo à deslegitimação de Maduro".

Após o encontro com Pompeo, Araújo seguiu para a Casa Branca onde se reuniu com Bolton. Segundo o chanceler, a situação na Venezuela "é muito volátil" e, por isso, "é importante estar conversando permanentemente" sobre o assunto.

"Há esse fato novo, a mobilização convocada para 1º de Maio, há expectativa sobre isso, então, quer dizer, não mudou o ponto central que é nosso compromisso pelo fim do regime Maduro".

Durante a visita, Araújo estava acompanhado do embaixador do Brasil em Washington, Sérgio Amaral –cuja remoção, porém, já foi publicada no Diário Oficial da União –, do embaixador interino, Fernando Pimentel, e do diplomata Nestor Forster, principal cotado para substituir Amaral no posto.

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