2.473 pessoas já foram infectadas durante o atual surto do Ebola, que começou em março, mais do que o total de todos os surtos anteriores juntos desde 1976 ano em que a doença foi descoberta. Os números são da Organização Mundial da Saúde (OMS). Os casos deste ano estão limitados a Guiné, Libéria, Nigéria e Serra Leoa.
Pânico
A indústria do turismo está tentando combater o pânico com aulas de geografia. A Associação de Operadores de Turismo da África do Sul, sediada no Reino Unido, disse em comunicado em seu site que "a África é grande, muito grande" e passou a mostrar uma série de mapas que apontam que o continente é maior do que a China, os EUA, a Europa Ocidental e a Índia juntos. Barry Hurter, presidente da ERM Tours, da África do Sul, disse a seus clientes tailandeses a mesma coisa, "mas a geografia não ajuda". Segundo ele, a maioria dos cancelamentos foram de clientes asiáticos, que compõem cerca de 60% do seu negócio.
O surto do vírus Ebola na África Ocidental está ameaçando o turismo em todo o continente, já que muitos turistas com medo da doença estão repensando viagens a países como Quênia e África do Sul.
INFOGRÁFICO: Veja os países atingidos pela epidemia
Órgãos governamentais e associações comerciais se pronunciaram na tentativa de minimizar os temores dos viajantes, mas as agências de turismo afirmam que ainda recebem telefonemas de clientes ansiosos, enquanto as reservas diminuem e cancelamentos de última hora são feitos.
Uma seguradora tailandesa que tinha reservado uma viagem à Cidade do Cabo para recompensar seus profissionais de destaque cancelou um pacote para mais de 1,5 mil pessoas, de acordo com Barry Hurter, presidente da ERM Tours, da África do Sul, que opera desde safáris até retiros corporativos. Hurter ressaltou que não há registros de Ebola na África do Sul e a Cidade do Cabo fica bastante distante da África Ocidental, mas a companhia de seguros ainda assim cancelou a viagem. "Eles dizem: o Ebola está na África", comentou Hurter.
Indústria
O vírus atinge um ponto sensível das economias africanas: a indústria do turismo. O medo está influenciando futuros turistas em potencial e enfatizando riscos exagerados, alguns associados a viagens à África. Por sua vez, os governos africanos provavelmente amplificaram essas preocupações com suas duras medidas para conter o vírus.
O Quênia, que abriga uma espetacular reserva de vida selvagem, disse que vai impedir qualquer visitante vindo de Serra Leoa, Guiné e Libéria de entrar no país. A proibição pode excluir cidadãos quenianos e trabalhadores de saúde que fazem parte do esforço para conter o surto de Ebola. A Zâmbia, que divide com o Zimbábue as Cataratas Vitória (Victoria Falls), também disse que vai proibir visitantes desses países. Várias nações africanas estão restringindo voos da África Ocidental.
OMS pede que paísesnão fechemas fronteiras
A OMS tem classificado alguns países a exemplo do Quênia como sendo de alto risco, já que são pontos de trânsito para pessoas cuja origem de viagem seja a África Ocidental.
Apesar disso, pediu que os países não fechem suas fronteiras, uma vez que a doença não é contagiosa até que os sintomas apareçam e, mesmo assim, requer contato com fluidos corporais para se espalhar para outra pessoa.
Justin Grammaticas, diretor de marketing da empresa Governors Camp, que realiza safáris no Quênia e em Ruanda, afirma que proibir viajantes de países afetados pelo Ebola amenizou os temores de alguns clientes. Ao mesmo tempo, uma decisão da Korean Air Lines de cancelar voos para o Quênia devido aos temores relacionados ao vírus tem prejudicado os negócios de sua empresa. "Esse é um dos nossos novos mercados", disse Grammaticas.
Cancelamentos
Na Tanzânia, o conselho de turismo do governo emitiu um comunicado dizendo que as operadoras de turismo estão registrando cancelamentos por causa do surto de Ebola na África Ocidental. O conselho observou que não houve registro de casos do vírus no país e que está verificando com cuidado as pessoas que chegam à Tanzânia.
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