Tática
Rastrear possíveis infectados é crucial para evitar epidemia
Reuters
O risco de o vírus se mover para outros continentes é baixo, dizem especialistas. Mas rastrear todas as pessoas que podem ter tido contato com uma pessoa infectada é vital para o controle do surto na África Ocidental.
Na Nigéria, onde morreu um cidadão liberiano-americano que chegou de avião a Lagos, as autoridades terão de rastrear todos os passageiros e qualquer outra pessoa que tenha tido contado com ele para evitar o tipo de propagação que outros países da região sofreram.
A disseminação desse surto da Guiné para a Libéria em março mostra como o rastreamento até mesmo dos aspectos mais rotineiros das vidas, relacionamentos e reações das pessoas será vital para conter a disseminação do vírus ebola.
O primeiro caso do surto atual é, segundo epidemiologistas e especialistas, o de uma mulher que se sentiu mal num mercado na Guiné e voltou para a aldeia natal no norte da Libéria.
Antes que ela morresse de febre hemorrágica, a irmã cuidou dela e também contraiu o vírus. Sentindo-se mal e temendo um destino semelhante, a irmã viajou para encontrar o marido um trabalhador migrante empregado no outro lado da Libéria, em um seringal da Firestone.
Ela pegou um táxi comunitário, expondo outras cinco pessoas ao vírus, todas morreram. Depois, ela mudou para uma motocicleta, subindo na garupa de um jovem que concordou em levá-la até o seringal. As autoridades de saúde tentaram localizar o motociclista, mas não conseguiram.
Serra Leoa e Libéria tomaram medidas drásticas diante do surto de febre hemorrágica provocado pelo vírus ebola que causou a morte de mais de 700 pessoas em sete meses, nos dois países e na vizinha Guiné.
INFOGRÁFICO: Veja o número de casos de ebola e as mortes reportadas desde fevereiro de 2013
A diretora-geral da Organização Mundial da Saúde anunciou um plano de US$ 100 milhões e os presidentes dos países da África ocidental lançarão hoje um plano de luta contra a epidemia de outros US$ 100 milhões.
A OMS divulgou novos dados ontem sobre a epidemia na África ocidental. Dessa forma, até 27 de julho foram registrados mais de 1,3 mil casos, incluindo 729 mortes, somando as fatalidades ocorridas na Guiné, Libéria, Nigéria e Serra Leoa.
O presidente de Serra Leoa, Ernest Bai Koroma, decretou ontem estado de emergência. Na quarta-feira, a presidente liberiana, Ellen Johnson Sirleaf, ordenou o fechamento de todas as escolas do país.
"Os desafios extraordinários exigem medidas extraordinárias. A doença provocada pelo ebola é um desafio extraordinário para nossa nação", disse Koroma em um discurso divulgado pela televisão.
Koroma também anunciou medidas, como colocar em quarentena as áreas afetadas pelo ebola, mobilizar forças de segurança para proteger as equipes médicas e proibir as reuniões públicas, assim como vasculhar os locais em que possam existir pessoas doentes.
O presidente também disse que "houve mais de 130 sobreviventes da doença", ressaltando as possibilidades de cura que as pessoas internadas em centros de saúde têm.
O médico belga Peter Piot, um dos que descobriram o vírus ebola em 1976 no Zaire (hoje República Democrática do Congo) estimou que as dificuldades que Libéria e Serra Leoa têm para enfrentar a epidemia estão ligadas a anos de guerra civil.
Surto faz EUA emitirem alerta para viagens atlanta
Efe
As autoridades americanas elevaram ao nível máximo o alerta das viagens para Guiné, Libéria e Serra Leoa. "Estamos pedindo para que não façam viagens para a zona afetada [pelo ebola] a menos que seja essencial. Precisamos evitar o risco de contágio e também ajudar os países a controlar a doença. O ebola está aumentando na África Ocidental. É o maior e mais complexo surto da doença na história e já tirou muitas vidas", disse ontem Tom Frieden, diretor dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, sigla em inglês).
Os centros de controle elevaram o alerta de viagem ao nível três, o mais alto, e afirmaram que estão em contato constante com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e outras entidades para conter a doença. Os CDC têm equipes nos três países afetados: Guiné, Libéria e Serra Leoa.
Frieden anunciou que no próximo mês enviará pesquisadores da agência para ajudar a detectar e isolar os casos e tentar deter o avanço do vírus. "Vamos enviar 50 especialistas aos três países. Eles vão ajudar a criar centros de operações de emergência para desenvolver uma estrutura que permita tratar o surto de forma mais efetiva, o que será realizado em total parceria com a OMS", explicou.
A doença tem taxa de mortalidade de perto de 90% e entre os sintomas há a aparição súbita de febre, dores musculares, de cabeça e de garganta, assim como fraqueza extrema. Os sintomas iniciais são geralmente seguidos de vômitos, diarreia, erupções cutâneas, disfunção renal e hepática e, em alguns casos, hemorragias internas e externas.
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