Buenos Aires O centro da capital argentina está passando por tempos cor-de-rosa graças ao boom de investimentos destinados aos consumidores gays, tanto argentinos quanto estrangeiros. A cidade, famosa durante décadas por exaltar a máscula figura do cantor de tango, agora rende-se aos dólares e euros proporcionados pelos turistas homossexuais que desembarcam em Buenos Aires à procura de bons preços e glamour.
Além deles, os gays nativos agora assumem sua sexualidade e passam a formar parte das crescentes fileiras do mercado consumidor homossexual, abastecido por mais de 200 estabelecimentos na cidade. As caixas registradoras estão celebrando a afluência do denominado "pink money". Buenos Aires está se estabelecendo como uma lucrativa "meca" homossexual da América Latina.
Os empresários argentinos estão atrás de uma suculenta porcentagem dos quase US$ 100 bilhões que o turismo gay proporciona anualmente em todo o planeta, segundo dados da Associação Internacional de Turistas Homossexuais e Lésbicas (IGLTA).
Na Argentina, os turistas gays estrangeiros gastam 25% a mais do que os turistas heterossexuais. Além disso, 80% do fluxo turístico gay que visita a capital argentina hospedam-se em hotéis de quatro ou cinco estrelas.
Um dos símbolos do boom cor-de-rosa econômico portenho foi, na semana passada, a colocação da pedra fundamental do Hotel Axel, que será o segundo hotel cinco estrelas do mundo destinado para o público gay. Com ironia, o empresário espanhol Juan Juliá declarou que o hotel de Buenos Aires, que está sendo construído no bairro de San Telmo, será "amigável" com o público heterossexual.
O hotel, cujo investimento consistirá em US$ 3,5 milhões, contará com 48 quartos, business center duas piscinas (uma das quais terá um fundo transparente, para que os freqüentadores do bar no andar de baixo possam observar a anatomia dos nadadores).
Há duas semanas foi inaugurada a primeira loja de vinhos planejada para atender o sofisticado gosto do público gay de alto poder aquisitivo argentino e do exterior. A Buenos Aires Gay Wine Store possui mais de 300 marcas de vinhos.
Além disso, prosperam por toda a cidade mas, principalmente, nos bairros de San Telmo, Recoleta e Palermo os "hostals" gay-friendlies, cursos de tango para homossexuais (nos quais homens dançam com homens), tours para o público gay, além de lojas de roupa e casas de shows.
Segundo o ex-secretário de Turismo, Hernán Lombardi, a cidade recebe 350 mil turistas gays por ano. Os analistas do setor consideram que 90% da clientela gay que visita Buenos Aires é composta por homossexuais europeus e americanos, entre 35 e 40 anos, basicamente de classe média alta.
E de quebra, a cidade tornou-se um ponto "gay-friendly" no mapa regional, já que aprovou há dois anos a união civil entre pessoas do mesmo sexo.