Candidatos ao cargo de chanceler da Alemanha em debate neste domingo (16)| Foto: EFE/EPA/KAY NIETFELD / POOL
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O debate final antes das eleições gerais do dia 23 na Alemanha, que envolve a escolha de um novo chanceler, foi marcado pela discussão de temas sensíveis aos eleitores, como a questão migratória, economia em declínio e a política externa, principalmente no que diz respeito à guerra da Ucrânia.

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O debate deste domingo (16) contou com a participação dos candidatos a chanceler dos quatro principais partidos: Olaf Scholz, o atual chanceler, do Partido Social-Democrata (PDS); Friedrich Merz, da União Democrata Cristã (CDU); Alice Weidel, do direitista Alternativa para a Alemanha (AfD); e Robert Habeck, atual vice-chanceler e ministro da Economia, pertencente ao Partido Verde.

Os participantes do debate se dividiram sobre as negociações de paz no leste europeu. Merz, candidato do CDU, afirmou que o país "não é neutro" sobre o conflito e "está do lado da Ucrânia".

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Já Alice Weidel, da AfD, divergiu, dizendo que a Alemanha deve ser um "mediador neutro", elogiando a iniciativa do presidente dos EUA, Donald Trump, de resolver o conflito, chamando-o de o "homem certo" para acabar com a guerra. Segundo ela, "a paz e a guerra decidirão esta eleição".

Weidel alfinetou Merz ao mencionar sua proposta de enviar mísseis de cruzeiro Taurus para a Ucrânia, classificando a ideia como uma "provocação à Rússia".

O candidato a chanceler do Partido Verde, Robert Habeck, afirmou que todos os partidos, exceto o AfD, estavam em "sintonia" sobre seu apoio à Ucrânia.

Os políticos alemães também divergiram sobre o financiamento de bilhões em gastos extras com defesa e o possível envio de tropas para a Ucrânia como parte das garantias de segurança após um acordo entres as partes do conflito.

Os candidatos a chanceler da Alemanha também apresentaram suas visões sobre outro tema presente há anos no país: a economia em declínio.

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Segundo a EuroNews, Merz e Weidel concordaram em parte que a solução para os problemas econômicos do país envolvem colocar "a burocracia sob controle". Os dois entendem que o governo agiu erroneamente ao fechar as usinas nucleares restantes da Alemanha em meio a uma crise energética.

Uma das promessas de Weidel é a de retornar com a "energia nuclear, carvão e gás seguros e confiáveis". Ela ainda criticou a política verde por aumentar os preços de energia na Alemanha.

Já o candidato do Partido Verde, Habeck, e o atual chanceler estavam mais alinhados no assunto, culpando basicamente a Rússia pelos aumentos dos preços. Scholz insistiu, inclusive, que os preços mais altos "haviam acabado".

O governo de Donald Trump também esteve entre os assuntos mais comentados no debate final antes das eleições na Alemanha.

A candidata da AfD afirmou que seu partido está aberto a "boas relações" com os EUA, mas também com a China.

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Ela ainda elogiou um discurso proferido pelo vice-presidente dos EUA, J.D. Vance, durante a Conferência de Munique, no qual ele denunciou a falta de liberdade de expressão por parte dos governos na Europa, incluindo a Alemanha, e uma tendência de silenciar a direita.

Já o favorito pelas pesquisas de opinião, Merz, disse que discorda das declarações de Vance e que ele não "seria informado por um vice-presidente americano com quem eu posso ou não falar". O candidato do CDU afirmou ainda que havia aceitado o resultado das eleições nos EUA e esperava que o governo Trump "fizesse o mesmo pela Alemanha".

Já o atual vice-chanceler e candidato pelo Partido Verde afirmou que o governo Trump lançou um "ataque frontal aos valores do mundo ocidental, àquelas coisas que originalmente chegaram à Europa vindas da América: lei e ordem, democracia liberal, o livre mercado, a ordem baseada em regras, os próprios fundamentos da nossa política".

Habeck também acusou Washington de "fazer acordos" com Putin. "Todos deveriam ver um problema nisso", declarou.

Sobre a imigração, Scholz elevou o tom dizendo que fará de tudo para continuar limitando a entrada ilegal de pessoas no país. Segundo ele, seu governo reduziu 17% da travessia de imigrantes irregulares nos últimos anos.

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Já Merz pontuou que as deportações atuais são "insuficientes", outro ponto que teve convergência com Alice Weidel, da AfD.

Durante a discussão televisionada de aproximadamente duas horas, a candidata do AfD, que recebeu apoio notório nos últimos meses do empresário Elon Musk, se tornou o alvo principal dos demais participantes.

Entre as acusações contra o partido de Weidel, classificado como de "extrema-direita" pelos demais candidatos, está uma suposta associação com a ideologia nazista. Weidel considerou as declarações um ataque aos eleitores da AfD.

“Olha, você pode me insultar aqui esta noite como quiser. Mas você está insultando milhões de eleitores”, disse ela a Merz.