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REGIME CHAVISTA

Jair Bolsonaro volta a negar apoio brasileiro a intervenção militar na Venezuela

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O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, no palácio presidencial em Santiago, capital do Chile, 22 de março. Foto: Martin Bernetti / AFP (Foto: )

Ao chegar na capital chilena na quinta-feira (21), o presidente Jair Bolsonaro brasileiro voltou a afirmar que por enquanto descarta o uso da força contra Maduro enquanto existirem opções diplomáticas para pressionar o regime.

Nesta sexta-feira, o presidente voltou a negar o apoio do Brasil a uma intervenção militar no país vizinho. Na capital chilena, o presidente disse que "tem gente divagando aí, da nossa parte não existe essa possibilidade de intervenção."

"É difícil falar de Venezuela, porque eu digo que a ditadura da Venezuela se fortalece na fraqueza do Maduro", afirmou Bolsonaro. "Ele não decide seus atos. Uma parte dos 2.000 generais [está] ao lado dele, alguns narcotraficantes, tem lá aproximadamente 60 mil cubanos, que decidem também pelo Maduro, temos as milícias, tem terroristas, esse pessoal faz com que Maduro fique de pé."

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) havia dito nesta sexta-feira (22) que para tirar o ditador Nicolás Maduro do poder, "será necessário o uso da força na Venezuela".

A declaração foi dada em entrevista ao jornal chileno La Tercera. O parlamentar está no país acompanhado o pai, o presidente Jair Bolsonaro (PSL), que está em Santiago para participar da Cúpula do Prosul e para um encontro bilateral com o presidente chileno, Sebastián Piñera.

Na entrevista, Eduardo criticou Maduro e disse que "todas as opções estão sobre a mesa" para resolver a crise no país, repetindo assim declarações do presidente americano Donald Trump, que já indicou a possibilidade de realizar uma ação militar contra Caracas.

"Ninguém quer uma guerra, a guerra é ruim, haverá vidas perdidas e consequências colaterais, mas Maduro não vai sair do poder de maneira pacífica", afirmou o deputado brasileiro. "De alguma maneira, vai ser necessário o uso da força, porque Maduro é um criminoso", disse ele.

"O pior que pode acontecer é permitir que Maduro siga no poder, porque todos os dias estão morrendo gente", completou o filho do presidente.

O deputado, que também deve participar de um encontro de representantes de partidos de direita da América Latina em Santiago, afirmou também que o regime Maduro está fazendo "nascer uma nova Cuba".

Recuo

Mais tarde, após a realização da cúpula do Prosul, Eduardo Bolsonaro recuou ao falar com jornalistas. Ele disse que, ao se referir ao "uso da força" durante a entrevista ao La Tercera, estava "comentando a mensagem de Trump, que diz que todas as cartas estão sobre a mesa". "Mas o Brasil não pensa nisso. O presidente e os generais que estão a cargo disso dizem que a intervenção militar não é uma opção."

A possibilidade de uma intervenção estrangeira na Venezuela enfrenta resistência na ala militar do governo brasileiro, que é contrária a qualquer ação que extrapole a ajuda humanitária na fronteira.

Já o grupo que se diz discípulo do escritor Olavo de Carvalho no governo, que inclui Eduardo, defende que a opção militar não seja descartada.

'Diplomacia até as últimas consequências'

Durante o encontro entre Bolsonaro e Trump em Washington na terça (19), o assunto Venezuela foi tratado. Após a reunião, o brasileiro afirmou que vai vai atuar com "diplomacia até as últimas consequências" diante da crise no país vizinho, mas não negou enfaticamente a possibilidade de apoiar uma ação militar.

A falta de uma negativa foi interpretada como um esforço para não desagradar o americano, mas também ligou o alerta de oficiais generais da ativa do Exército.

O Brasil, assim como os EUA e mais de 50 outros países, reconheceram o líder opositor e presidente da Assembleia Nacional Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela, porque consideram que a eleição que elegeu Maduro em maio de 2018 foi fraudada e não teve legitimidade.

Prosul

Na entrevista após a cúpula do Prosul, Jair Bolsonaro também comentou o fato de Uruguai e Bolívia não terem assinado o acordo que lançou o bloco. "São países que estão um pouquinho ainda ligados aos presidentes anteriores, mas quem vai decidir o futuro desses países será o seu respectivo povo."

O Prosul surge após esvaziamento da Unasul, bloco idealizado pelo venezuelano Hugo Chávez (1954-2013) e que foi sendo abandonado por vários países justamente por não estarem dispostos a dialogar com a Venezuela nas condições atuais.

Bolsonaro afirmou que a Unasul "já está extinta". "Falta a prática, e a Prosul está aparecendo. Não podemos admitir que as políticas dos países daqui sejam movidas por ideologia. A Unasul começou bem, depois foi para um viés ideológico e começou a fazer parte de uma política de poder."

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