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Crianças chinesas chegam de ônibus a uma escola primária de Pequim | Sim Chi Yin/The New York Times
Crianças chinesas chegam de ônibus a uma escola primária de Pequim| Foto: Sim Chi Yin/The New York Times

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Vaga em instituição pequinesa de renome custa até R$ 280 mil

A corrupção e o nepotismo do sistema educacional chinês aumentou o abismo entre ricos e pobres, fazendo com que as famílias chinesas vejam a esperança de um futuro melhor sendo vendida a quem pode pagar mais.

"A corrupção é generalizada em todas as partes da sociedade chinesa e a educação não é exceção", disse Li Mao, consultor de educação em Pequim.

O Jardim de Infância da China Limpa, afiliado à pequinesa Universidade de Tsinghua, recebe pedidos de pais que veem a matrícula como forma de garantir a entrada dos filhos nas melhores universidades do país. Oficialmente, a escola está aberta apenas para os filhos dos professores da universidade. Porém, com US$ 24 mil, algum professor da Tsinghua pode ser convencido a "apadrinhar" um candidato, de acordo com um funcionário que falou sob condição de anonimato.

As taxas cobradas por instituições ligadas à respeitada Universidade de Renmin podem custar até US$ 130 mil (ou cerca de R$ 280 mil).

Para crianças chinesas e para seus pais, a educação sempre foi vista como um elemento fundamental para avançar em uma sociedade competitiva. E, assim como dinheiro e poder facilitam a realização de negócios, bem como a promoção de funcionários públicos, a corrida acadêmica na China privilegia cada vez mais os ricos e influentes, que usam contatos e dinheiro para dar vantagens aos filhos na briga por vagas no ensino público do país.

Segundo pais e educadores, quase tudo tem um preço: da matrícula às vagas nas melhores salas, passando por posições de liderança em grupos de jovens comunistas. Até mesmo os primeiros lugares em filas e o posto de monitor de classe estão à venda.

Zhao Hua, proprietária de uma pequena empresa de eletrônicos, afirmou ter sido forçada a depositar US$ 4,8 mil em uma conta bancária para matricular a filha no ensino fundamental de Pequim. "É claro que eu sabia que aquilo era ilegal", disse Zhao, "mas quem não paga, não consegue vaga".

No banco, foi surpreendida ao encontrar autoridades armadas do comitê de educação do distrito com uma lista que incluía nomes de estudantes e o valor que cada família teve de pagar pela vaga. Os funcionários da escola a obrigaram a assinar um documento afirmando que a taxa era uma "doação" voluntária.

A prática do suborno se tornou tão comum que Xi Jinping dedicou o primeiro discurso como novo líder do Partido Comunista para alertar os políticos chineses de que a corrupção pode levar ao colapso do Estado, caso continue impune.

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