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Bin Laden (direita) com seu sucessor, Ayman al-Zawahiri, durante entrevista à jornalista paquistanesa Hamid Mir, em novembro de 2001 | Hamid Mir/Reuters
Bin Laden (direita) com seu sucessor, Ayman al-Zawahiri, durante entrevista à jornalista paquistanesa Hamid Mir, em novembro de 2001| Foto: Hamid Mir/Reuters

A rede no mundo

A Al-Qaeda tem células em dezenas de países, mas principais centros de atuação estão na África e Oriente Médio.

Afeganistão e Paquistão

- Al-Qaeda foi fundada em Peshawar em 1988; áreas tribais na fronteira entre Paquistão e Afeganistão abrigavam esconderijos e centros de treinamento; Bin Laden foi morto na cidade paquistanesa de Abbottabad, em maio.

Arábia Saudita e Iêmen

- Al Qaeda na Península Arábica (AQAP, na sigla em inglês), criada em 2009 pela junção de dois grupos islamistas, um no Iêmen e outro na Arábia Saudita. É a filial mais ativa da rede, segundo os Estados Unidos; em 2003, assumiu autoria de seu primeiro ataque suicida em Riad, que fez 29 mortos.

Indonésia e Filipinas

- Estados Unidos acusam dois grupos de terem laços com Al-Qaeda. São eles o Jemaah Islamiah, sediado na Indonésia, e o Abu Sayyaf, no sul das Filipinas.

Somália, Quênia, Tanzânia, Uganda, Sudão e Egito

- Rede fez atentados a embaixadas dos EUA, em Nairóbi e Dar es Salam, em 1998; participaram militantes do Egito, Sudão, Quênia, Tanzânia e Arábia Saudita. Grupo terrorista Al- Shahab, ligado à Al-Qaeda, controla centro e sul da Somália.

Iraque

- Filial da Al-Qaeda no Iraque surge em 2004, um ano após a invasão dos EUA, quando o militante jordaniano Abu Musab al Zarqawi se alia a Osama bin Laden; responsável por centenas de ataques suicidas, continua em atividade no país.

Argélia, Mali, Niger, Tunísia, Marrocos, Mauritânia e Nigéria

- Grupo de extremistas argelinos funda a Al-Qaeda no Magreb Islâmico, em 2006; realiza sequestros e ataques a alvos ocidentais.

Fonte: Folhapress

Perfil

Novo número 1 é considerado o "cérebro" do grupo terrorista

Formado em Medicina pela Universidade do Cairo, Ayman al-Zawahiri, "cérebro" e principal porta-voz da rede terrorista Al-Qaeda, não tem paradeiro conhecido desde os atentados do 11 de Setembro de 2001.

Para o Departamento de Estado norte-americano, ele seria um dos principais mentores dos atentados de 11 de Setembro, nos Estados Unidos.

A mulher, o filho e as duas filhas de Al-Zawahiri foram mortos durante ataques norte-americanos em Kandahar em dezembro de 2001.

Posteriormente, o médico egípcio, nascido a 19 de junho de 1951, fez vários apelos por vídeo para a guerra contra o Ocidente.

Zawahiri, que integrou a Irmandade Muçulmana quando tinha 15 anos, esteve envolvido no assassinato, em 1980, do presidente egípcio Anuar al-Sadat e por isso esteve preso durante três anos.

Durante a jihad (guerra santa) contra os soviéticos deu-se o encontro entre o egípcio e Bin Laden.

Zawahiri pertencia à jihad islâmica egípcia que só se juntou à Al-Qaeda em 1998.

Condenado à morte à revelia no Egito por diversos atentados perpetrados no país, o novo número 1 da Al-Qaeda foi posto na "lista negra" de Washington por ter apoiado os atentados contra as embaixadas dos Estados Unidos no Quênia e na Tanzânia em agosto de 1998.

Além de "braço direito" de Bin Laden, Zawahiri também era o médico pessoal do chefe da Al-Qaeda, que tinha uma doença de rins.

Em 2002 e em 2007 foi anunciada a morte de Zawahiri, mas o então "número 2" reapareceu logo depois.

De acordo com uma fonte próxima, o médico voltou a casar e teve uma filha em 2005.

A rede terrorista Al-Qaeda no­­meou ontem o egípcio Ayman al-Zawahiri como sucessor de Osama bin Laden, morto em maio no Paquistão em uma ação dos Es­­tados Unidos. O anúncio da organização extremista foi feito em um comunicado no qual promete ainda prosseguir com "jihad" ("guerra santa") contra Estados Unidos e Israel. "O comando geral da Al- Qaeda anuncia, depois de consultas, a designação do xeque Ayman al-Za­­wahiri à frente da organização", afirma o texto, divulgado em sites islamitas.

Zawahiri já era o número dois da rede e braço direito de Bin Laden. Aos 59 anos, o cérebro e prin­­­cipal porta-voz da Al-Qaeda, se torna assim o homem mais procurado do mundo. Sua cabeça vale US$ 25 milhões, segundo o Depar­­tamento de Estado americano.

"A Al-Qaeda vai prosseguir com a jihad contra os apóstatas que agridem a terra do Islã, com os Estados Unidos à frente e seu acólito Israel", diz o texto do grupo terrorista. "Os combateremos com todas as nossas capacidades e exortamos a nação (islâmica) a combatê-los por todos os meios possíveis até a expulsão de todos os exércitos de invasão da terra do Islã e a instauração da sharia [lei islâmica]", acrescenta o comunicado.

A nota do comando geral da Al-Qaeda diz ainda que a organização não aceitará nenhuma concessão concessão sobre a Palestina e não reconhecerá a legitimidade do "suposto Estado de Israel", assim co­­­mo não se comprometerá com nenhum acordo ou convenção que reconheça Israel".

A Al-Qaeda também expressa "apoio à revolta dos povos muçulmanos" no Egito, Tunísia, Líbia, Iêmen, Síria e Marrocos e pede a continuidade dos movimentos para "eliminar os regimes corruptos e injustos impostos pelo Oci­­dente a nossos países".

Sobre o Afeganistão, a Al-Qaeda pede ao líder supremo dos talebans, o mulá Mohamad Omar, que continue atuando "para expulsar a ocupação norte-americana do país". Também garante aos "ir­­mãos combatentes" no Iraque, So­­má­­­lia, na Península Arábica e no Magreb, onde operam células da Al­­­-Qaeda, assim como na Che­­chênia, que "continuará no mesmo caminho (...) para combater um inimigo único, ainda que de diferentes formas".

O novo líder da Al-Qaeda já ha­­via se comprometido a seguir o caminho da jihad (guerra santa) contra o Ocidente em um vídeo di­­vulgado na internet no dia 8 de junho.

"Ayman al-Zawahiri era o cérebro de Osama bin Laden. Foi depois do encontro entre os dois que Bin Laden ganhou tanta importância", afirma o advogado islamita egíp­­cio Muntaser al-Zayat, que o conheceu muito bem.

O jornalista Abdel-Bari Atwan, que trabalha em Londres e entrevistou Bin Laden em 1996, concorda. "Ele (Zawahiri) conseguiu trans­­­formar a Al-Qaeda de uma pe­­­que­­­na organização voltada para a expulsão dos interesses dos EUA na Arábia Saudita em uma organização mundial", diz.

Assim como o fundador da rede extremista morto pelos Estados Unidos, seu número dois, e agora número 1, escondeu-se depois dos atentados de 11 de setembro. Ay­­man al-Zawahiri foi visto pela última vez em outubro de 2001 na fronteira entre o Afeganistão e o Paquistão. Sua esposa, seu filho e suas duas filhas morreram em ataques americanos em Kandahar dois meses depois.

Zawahiri terá dificuldade para liderar, afirmam EUA

O novo líder da Al-Qaeda, Ay­­man al-Zawahiri, terá que enfrentar "muitos desafios" para impor sua autoridade à organização porque não tem o carisma de Osa­­ma bin Laden, afirmou ontem o secretário da Defesa norte-americano, Robert Gates. "Bom, não sei se é um cargo ao qual alguém queira aspirar, considerando as circunstâncias, mas acho que en­­frentará muitos desafios", disse Gates.

Quando Bin Laden foi encontrado e morto no Paquistão, militares dos EUA confirmaram que ele ainda coordenava de perto as atividades da Al-Qaeda, mesmo estando escondido. Confirmada sua substituição por Ayman al-Zawahiri, levanta a questão sobre como a organização será liderada a partir de agora. Analistas destacam as diferenças entre os dois terroristas, que trabalharam juntos durante décadas.

"Ele não é tão carismático (quan­­to Bin Laden)", diz Magnus Ranstorp, especialista em Defesa Nacional, ao jornal Washington Post. "Zawahiri é considerado um pouco mal-humorado", acres­­centa.

Além das diferenças entre os dois líderes, a própria Al-Qaeda mudou nos últimos dez anos. Com braços cada vez mais importantes em países como Iêmen e Somália, a organização dificilmente será controlada por uma única figura, segundo analistas.

Segundo o jornal The New York Times, enquanto Bin Laden era o líder ideológico da Al-Qaeda, Za­­wahiri era seu cérebro organizador. Ele é visto, no entanto, co­­mo mais suscetível a ser capturado.

Outra diferença entre os dois são suas origens. Bin Laden dedicou a fortuna herdade de seu pai para financiar a rede terrorista. Já o egípcio é médico e tem menor recursos.

"Bin Laden representava um movimento, ele era quase um mito. Zawahiri não pode igualar isso", observa Richard Barrett, que coordena um grupo de mo­­nitoramento sobre a Al-Qaeda no Conselho de Segurança das Na­­ções Unidas.

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