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Milhares de egípcios foram às ruas hoje exigir justiça para as vítimas do regime de Hosni Mubarak e pressionar o novo comando militar por um plano claro de transição para a democracia. Há crescente frustração entre os egípcios com o fato de pouco ter mudado, cinco meses após a queda de Mubarak.

Os distúrbios e protestos têm ganhado força, enquanto muitos veem uma relutância do comando militar, que assumiu após Mubarak em processar policiais e ex-membros do regime pela morte de quase 900 manifestantes durante o levante popular. Muitos acreditam que os pilares do regime anterior ainda estão presentes, inclusive em setores cruciais como o Judiciário, a polícia e o funcionalismo público.

Mais cedo nesta semana, sete policiais na cidade de Suez foram libertados sob fiança durante seus julgamentos pela morte de manifestantes. A libertação gerou dois dias de protestos de familiares furiosos, que acusaram o Judiciário de corrupção. Outros ex-funcionários do regime foram absolvidos de acusações de corrupção, enfurecendo muitos.

As novidades geraram argumentos para protestos reunindo vários grupos pela democracia e islâmicos, que antes disputavam sobre qual seria a prioridade no período de transição. A Irmandade Muçulmana, grupo mais bem organizado no Egito, e os ultraconservadores salafistas decidiram na última hora unir-se aos protestos hoje.

No Cairo, milhares foram às ruas antes das preces de sexta-feira na Praça Tahrir. Também há protestos em Suez e Alexandria, as duas cidades costeiras onde houve violentos confrontos entre as forças de segurança e manifestantes durante o levante.

Há postos de controle civis no entorno da Praça Tahrir, para evitar que desordeiros se misturem com os manifestantes e possam causar violência, como ocorreu durante o levante. "As coisas estão indo na direção errada", disse Lilian Wagdy, uma das manifestantes na praça. Segundo ela, há julgamentos militares para civis, enquanto agentes de segurança têm seus julgamentos adiados ou são soltos.

Há manifestantes pensando em realizar um protesto permanente, depois desta sexta-feira, enquanto suas demandas não forem atendidas. Em uma tentativa de aplacar o descontentamento, um promotor acusou ontem 25 autoridades da era de Mubarak por homicídios, tentativas de homicídios e outros crimes.

Após Mubarak deixar o posto, o comando militar prometeu que trabalharia para realizar eleições dentro de seis meses e entregar o poder a um governo civil. Até agora, não há data marcada para uma eleição e os grupos políticos divergem sobre o que deve ocorrer primeiro, uma eleição ou a promulgação de uma nova Constituição. Além disso, os egípcios temem que os custos econômicos dos distúrbios políticos gerem mais descontentamento.

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