Os egípcios foram às urnas neste domingo (29) no primeiro dia de votação para a escolha dos integrantes da Câmara Alta do Parlamento, ou Conselho da Shura, que tem poderes limitados. O primeiro turno das eleições começou cedo em 13 províncias do país, entre elas, Cairo. O segundo turno está marcado para os dias 14 e 15 de fevereiro. A Shura é composta por 270 membros, mas apenas um terço é eleito pela população, enquanto o restante é nomeado pela Junta Militar, que assumiu o poder após a queda de Mubarak em fevereiro de 2011.
Os islamitas dominaram as eleições para a Câmara Baixa, a mais poderosa das duas casas no Parlamento, nas eleições que começaram no dia 28 de novembro e terminaram em janeiro, a primeira desde a queda de Hosni Mubarak.
O partido secular, Egípcios Livres, anunciou o boicote às eleições para o Concelho da Shura em protesto contra as violações às leis eleitorais egípcias pelos partidos islamitas durante a votação para a Câmara Baixa, similar à Câmara dos Deputados no Brasil.
Integrantes do partido secular acusam os islamitas de terem feito uso pesado de slogans religiosos durante a campanha e por terem feito propaganda eleitoral até o dia das eleições. O porta-voz islamita negou o uso inapropriado de slogans e disse que todos os grupos fizeram campanha até o dia do pleito. A aliança secular e liberal, incluindo os partidos mais jovens, que levou à renúncia de Mubarak no ano passado, teve um desempenho pobre nas eleições para a Câmara Baixa.
Constituição
De acordo com o plano de transição para o governo do Egito, terminadas as eleições para o Conselho da Shura, o Parlamento deverá escolher 100 membros para escrever a nova Constituição do país. A Junta Militar deve então transferir o poder para o presidente civil que deverá ser eleito até o final de junho. Os militares estão sendo acusados de má administração do período de transição, de não levarem à frente as reformas e de manterem o regime de Mubarak intacto.
A votação desde domingo ocorre dias após milhares de egípcios tomarem as ruas do país em comemoração ao primeiro aniversário da queda do regime de Mubarak e para exigir a saída do conselho militar.