Quem temia violência, pouca participação e irregularidades generalizadas na primeira eleição no Egito desde a queda do ditador Hosni Mubarak, surpreendeu-se ontem com um início de votação pacífico e o alto comparecimento às urnas. As longas filas, algumas de até um quilômetro, eram o indício de que a maioria decidiu ignorar a campanha pelo boicote e o clima de tensão da última semana.
Mesmo entre os manifestantes acampados na praça Tahrir, no centro do Cairo, em protesto contra a permanência dos militares no poder, houve muitos que não resistiram e aproveitaram a chance de participar da primeira eleição pós-Mubarak.
A calma que predominou ontem era um cenário difícil de se prever até poucos dias atrás, quando a Tahrir voltou a se transformar em uma praça de guerra. Confrontos com forças de segurança deixaram 42 manifestantes mortos.
Depois de décadas sob um regime de partido único, o dilema se inverteu: com mais de 50 partidos na disputa e cerca de 6 mil candidatos, não foi fácil decifrar a enorme cédula de votação e chegar à melhor decisão.
Muitos votavam pela primeira vez, incluindo quem já cruzara há muito tempo a idade eleitoral mínima.
A transição democrática ainda é uma incógnita, sobretudo pela falta de um cronograma claro para a saída dos generais do poder.
A votação de ontem deu início a um longo e complexo processo eleitoral, que vai até março, quando serão conhecidos os resultados finais. Ele vai definir as duas casas do Parlamento. Sua principal missão será redigir a nova Constituição do país.
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
A gestão pública, um pouco menos engessada
Projeto petista para criminalizar “fake news” é similar à Lei de Imprensa da ditadura