Hoje faz dois anos que as revoltas da Primavera Árabe ganharam as ruas do Cairo, no Egito, e tornaram a da Praça Tahrir um dos símbolos do movimento que sacudiu o Mundo Árabe, acabando com a carreira de líderes déspotas, entre eles, Hosni Mubarak, do Egito.
E é hoje que os egípcios se preparam para marcar a data com uma nova manifestação, organizada por algumas lideranças do país, entre elas, o diplomata Mohamed ElBaradei, vencedor do Prêmio Nobel da Paz em 2005 e integrante do Partido da Constituição.
"Eu peço a cada um de vocês, de todo o Egito, a provar que a revolução precisa continuar e que precisa ser completada", disse ElBaradei em um vídeo divulgado ontem, convocando a população a sair às ruas. Além de ElBaradei, a organização do ato de hoje contou também com a Corrente Popular Egípcia, do esquerdista Hamdin Sabahi, e com o Partido Egípcios Livres.
Os islamitas do governo, por sua parte, dizem que se recusam a entrar em confronto direto hoje, por causa do aniversário da revolução, e não organizaram atos públicos.
Ontem, a polícia egípcia já entrou em confronto com manifestantes no centro do Cairo, a capital do país.A multidão tentava derrubar um muro de concreto erguido como barricada, próximo da Praça Tahrir, colocado ali para impedir que novos protestos cheguem aos edifícios do Parlamento e do Poder Executivo. A tropa de choque reagiu com bombas de gás lacrimogêneo.
O evento de hoje faz parte de uma série de atos convocados por ativistas e grupos de oposição política ao longo desta semana, com o objetivo de protestar contra o atual governo do país, liderado pelo presidente Mohamed Mursi e sustentado pela Irmandade Muçulmana e seu braço político, o Partido Liberdade e Justiça (PLJ).
Mursi foi eleito em junho, após uma transição tumultuada com mediação por uma junta militar. Seus primeiros seis meses de governo foram marcados por tensões políticas, manifestações e uma crise econômica que afetou sua popularidade.