Dezenas de milhares de pessoas foram às ruas nesta sexta-feira (30) no Egito protestar contra o rascunho da nova Constituição, que foi aprovado às pressas, durante a madrugada pelos integrantes islâmicos da Assembleia Constituinte, aliados do presidente Mohamed Mursi.
O processo foi acelerado justamente para tentar colocar fim à crise aberta pela aprovação, há uma semana, de decretos que concederam superpoderes a Mursi, porque eximem qualquer decisão do presidente de exame por parte do Judiciário.
"O povo quer acabar com o regime", diziam hoje os manifestantes reunidos na praça Tahrir, na capital Cairo. O endereço ganhou fama mundial ao sediar a série de protestos que culminou na deposição do ditador Hosni Mubarak, em fevereiro de 2011.
Houve protestos também nas regiões de Alexandria, do Canal de Suez e do Delta do Nilo.
Em discurso televisionado, Mursi afirmou, na noite de ontem, "não haver espaço para a ditadura" no Egito.
O presidente da Assembleia Constituinte, Hossam al Gheriyani, disse que o projeto será apresentado a Mursi amanhã (1º, dia útil no Egito). Depois da sanção do mandatário, o rascunho será submetido a referendo popular, a ser convocado nos próximos 30 dias.
Os 234 artigos da Carta Magna egípcia foram aprovados por todos os 85 membros da Assembleia, composta praticamente apenas por integrantes do Partido Liberdade e Justiça, a agremiação a que Mursi é filiado e que pertence à Irmandade Muçulmana.
Semanas antes da votação, 26 integrantes da comissão, na maioria liberais e cristãos, renunciaram aos seus cargos em protesto contra a pressão do governo para incluir medidas de restrição a liberdades no texto. Eles foram substituídos por outros 11, em sua maioria islâmicos.
O rascunho é o primeiro a ser aprovado depois da ditadura de Hosni Mubarak (1981-2011) e inclui medidas pró-democracia, como o limite de oito anos de mandato para o presidente. No entanto, diminui direitos das mulheres e restringe algumas liberdades.
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