O Egito saberá o resultado das eleições legislativas nesta sexta-feira, com a provável vitória dos partidos islamistas, enquanto manifestantes se reuniam no centro do Cairo para lembrar as 42 pessoas que foram mortas em confrontos com a polícia no mês passado.
O sucesso dos islamistas na votação do país mais populoso do mundo árabe seria a reafirmação de uma tendência no Norte da África. Islamistas moderados estão governando o Marrocos e a Tunísia - cujo governo anterior foi derrubado por um levante popular - após vitórias eleitorais nos últimos dois meses.
Os egípcios, que estão votando pela primeira vez desde que oficiais do Exército derrubaram o rei em 1952, pareciam estar dispostos a dar uma chance aos islamistas. "Já tentamos todo mundo, então por que não tentar a sharia (lei islâmica) uma vez?", disse Ramadan Abdel Fattah, de 48 anos, um funcionário público.
A composição exata dos membros do Parlamento só será conhecida quando o demorado processo eleitoral do Egito for encerrado em janeiro. O novo legislativo poderá desafiar o poder dos generais que assumiram o poder em fevereiro, depois que uma revolta popular derrubou o então presidente Hosni Mubarak, ex-comandante da força aérea.
Os resultados da primeira etapa das eleições devem ser divulgados ainda nesta sexta-feira.
O conselho militar que atualmente governa o país e está sob pressão para entregar o poder aos civis, tem dito que manterá seus poderes para nomear ou destituir um gabinete. A Irmandade Muçulmana, o grupo islamista mais antigo do Egito, pareceu ter voltado atrás em um comunicado do chefe do partido esta semana, no qual dizia que a maioria no Parlamento deveria formar um governo.
Alguns egípcios temem que a Irmandade possa tentar impor restrições islâmicas em um país dependente do turismo, e onde 10 por cento da população de 80 milhões de pessoas é da minoria cristã copta.
Mas a Irmandade, com profundas raízes na sociedades egípcia desde 1928, diz que suas prioridades são o fim da corrupção, a revitalização da economia e a estabilização de uma verdadeira democracia no Egito.
Manifestantes jovens também participaram do protesto desta sexta=feira para lembrar os "mártires" e reforçar sua demanda pela renúncia imediata da junta militar.
As manifestações ocorreram após as orações de sexta-feira na Praça Tahrir, epicentro da oposição contra o governo do Muabarak.