Um tribunal do Egito condenou à prisão perpétua nesta quarta-feira (4) o ativista Ahmed Duma e outras 229 pessoas por cometerem atos de violência em 2011, informou a agência estatal de notícias "Mena".
Outras 39 pessoas receberam pena de dez anos de prisão e uma multa conjunta de US$ 2,22 milhões (quase R$ 6 milhões) pelos mesmos distúrbios, que ocorreram em frente à sede do Conselho de Ministros em dezembro de 2011, no Cairo.
A ação judicial sobre o caso foi dividida em duas partes. Dos total de 293 acusados, 269 foram julgados pelo Tribunal Penal do Cairo. Já o Tribunal de Menores ficou responsável por avaliar a participação de 24 pessoas nos atos, que deixaram vários mortos e feridos.
Todos foram processados por oferecer resistência às autoridades, atacar intencionalmente instalações do governo, participar de atos de vandalismo e causar danos à propriedade pública e privada.
Além disso, foram acusados de interromper a oferta de serviços públicos, possuir armas, coquetéis molotov e armas de fogo, e de adquirir drogas para o consumo próprio. Foram também relacionados com a tentativa de assaltos à edifícios e destruição de ambulâncias e veículos civis.
No final de 2011, forças de segurança e manifestantes se enfrentaram na capital e outras regiões do Egito, dentro de uma série de protestos contra a forma como as autoridades conduziam a transição após a queda do ditador Hosni Mubarak, em fevereiro do mesmo ano.
O blogueiro Ahmed Duma negou ter cometido os crimes dos quais era acusado durante o julgamento, e garantiu que não participou de nenhum ato de violência.
Duma, que também foi detido durante o breve mandato do islamita Mohammed Mursi (deposto pelo Exército em julho de 2013, foi condenado em dezembro de 2013 a três anos de prisão por insultar os juízes em outro processo.
Em outra ação, no último dia 27 de janeiro, o Tribunal de Cassação do Egito emitiu uma sentença definitiva de três de prisão contra três destacados ativistas, entre eles Duma, por manifestar-se sem autorização e agredir a polícia.
O blogueiro fez greve de fome em protesto contra suas condenações e acabou levado ao hospital em maio de 2014, após sofrer fortes dores nas costas.
Centenas de pessoas foram detidas no Egito por participar de manifestações não autorizadas desde a aprovação, em novembro de 2013, de uma lei de restrição aos protestos, muito criticada por grupos de direitos humanos e associações civis.