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Distúrbios de ontem à noite foram os mais violentos desde as manifestações que derrubaram o regime de Hosni Mubarak | Mohamed Abd El-Ghany/Reuters
Distúrbios de ontem à noite foram os mais violentos desde as manifestações que derrubaram o regime de Hosni Mubarak| Foto: Mohamed Abd El-Ghany/Reuters

Saiba mais

Surgida no século 1 da era cristã, a Igreja Copta foi alvo de atentados ao longo da história recente.

Origem

A Igreja Copta surgiu por volta do ano 60 d.C., no Egito. De acordo com a tradição, diz-se que foi fundada por São Marcos, e a maior parte dos seus fiéis é do Oriente Médio. Os coptas são cristãos e têm como líder supremo o patriarca Shenouda III.

Tensões

Os conflitos de ontem não foram os primeiros registrados contra os seguidores da Igreja Copta no Egito. Ainda no regime de Hosni Mubarak, fiéis foram atacados em três templos na região de Alexandria por homens armados com facas, em 2006. O atentado resultou na morte de uma pessoa e em dez feridos.

Enfrentamentos recentes

No dia 31 de dezembro de 2010, um ataque a bomba deixou 21 mortos e pelo menos 70 feridos em al-Qidissen, também em Alexandria. Poucos dias depois da ação, comunidades coptas na Inglaterra, França e Alemanha alegaram receber ameaças de ataques no início deste ano. Em janeiro, logo após os protestos que pediam a derrubada do regime de Mubarak, radicais islâmicos invadiram casas de coptas no sul do Egito e assassinaram 11 pessoas.

O Egito foi palco de um novo episódio de violento conflito sectário. Cristãos coptas – ortodoxia cristã que compõe aproximadamente 10% da população do Egito – se enfrentaram ontem com a polícia militar no Cairo. Pelo menos 23 pessoas morreram e quase 200 ficaram feridas. As autoridades egípcias impuseram um toque de recolher na região central da cidade após os distúrbios.

Os cristãos protestavam contra o ataque a uma igreja, na semana passada. Eles atiraram pedras e puseram fogo em veículos, em um dos confrontos mais violentos desde as revoltas que derrubaram o ditador egípcio Hosni Mubarak, em fevereiro. Centenas de manifestantes foram à Praça Tahrir, mesmo foco dos protestos do início deste ano, e pediram a saída do conselho militar que lidera o Egito desde a queda do antigo líder.

O Exército conteve com violência os protestos. Ativistas acusam as forças militares de ter atropelado manifestantes, e compararam a repressão com aquela praticada pelo regime deposto.

Apelo

O primeiro-ministro egípcio, Es­­sam Sharaf, fez um apelo aos mu­­çulmanos e cristãos do país para que não cedam à luta sectária. "O que está acontecendo não são confrontos entre muçulmanos e cristãos, mas tentativas de provocar o caos e divergências", disse ele em sua página no Face­­book. "Isso não é condizente com os filhos da pátria que continuam e continuarão a ser uma única mão contra as forças do vandalismo e do extremismo."

A tensão entre cristãos e mu­­çulmanos tem escalado desde o início do ano (veja quadro ao lado). Coptas culpam muçulmanos radicais pela depredação de uma igreja na província de Assuã, na semana passada. Os cristãos pedem que Mostafa al Sayed, governador da província, seja de­­posto por não ter conseguido proteger a construção religiosa.

Depoimentos

Os manifestantes disseram que o protesto começou como uma tentativa pacífica de ocupar o prédio da televisão estatal, mas foram atacados por grupos de homens à paisana que jogaram pedras e fizeram disparos contra eles. "O protesto era pacífico. Nós queríamos realizar uma ocupação, como costumamos fazer", disse Essam Khalili, um manifestante que usava uma camisa branca com uma cruz desenhada. "Os grupos nos atacaram e um veículo militar subiu na calçada e atropelou pelo menos dez pessoas. Eu vi."

Wael Roufail, outro manifestante, fez descrições semelhantes do ocorrido. "Eu vi o veículo ir atrás dos manifestantes. Então, eles abriram fogo contra nós", disse ele.

Imagens mostradas pela televisão mostram alguns manifestantes coptas atacando um soldado, enquanto um sacerdote tenta proteger o militar.

Os cristãos dizem que o conselho militar do Egito tem sido muito leniente com aqueles que realizam ataques contra cristãos desde a queda de Hosni Mubarak em fevereiro.

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