A Promotoria pública do Egito anunciou hoje que irá julgar 20 jornalistas da rede de televisão Al Jazeera, quatro deles estrangeiros, e o restante, egípcios.De acordo com o governo egípcio, os correspondentes acusados publicaram "mentiras" que prejudicaram os interesses estatais, além de ter provido dinheiro e equipamento aos 16 egípcios também acusados, que seriam membros de uma "organização terrorista".
Os estrangeiros - um cidadão australiano, dois britânicos e um holandês - são correspondentes internacionais da Al Jazeera, baseada no Qatar.
O canal já havia divulgado a detenção de três de seus jornalistas, incluindo o australiano Peter Greste, mas não está claro quem são os dois britânicos e o holandês citados pela Promotoria.
Foi noticiado hoje que o apelo de Greste, detido desde 29 de dezembro, foi negado por uma Corte egípcia. Ainda há outros repórteres da rede Al Jazeera mantidos presos, alguns há cinco meses. O canal nega todas as acusações.
Não está claro qual seria a entidade terrorista citada pela Promotoria, mas o governo egípcio considerou recentemente a Irmandade Muçulmana, que até meados de 2013 ocupava a presidência, como uma organização terrorista, em meio à perseguição política a seus líderes e membros.
A Al Jazeera tem sido também perseguida no país. Seu escritório do Cairo está fechado desde 3 de julho, data do golpe militar que derrubou o presidente islamita Mohammed Mursi do poder.
O Qatar foi um importante financiador durante o governo de Mursi. Com isso, ganhou a inimizade da cúpula militar egípcia, que apoia o atual governo interino de Adly Mansur.
Foi anunciado ontem que um fotógrafo da rede Al Jazeera foi morto e outros três ficaram feridos durante a cobertura do terceiro aniversário da insurgência egípcia, na qual o ex-ditador Hosni Mubarak foi retirado do poder.