A Frente de Salvação Nacional (FSN), principal agrupamento não islamita do Egito, convocou para esta terça-feira uma jornada de protestos pelas irregularidades cometidas na primeira rodada do referendo sobre a nova Constituição, realizada no sábado em dez províncias.
O FSN pediu aos egípcios que participem das manifestações em todas as regiões do Egito para expressar sua repulsa pela "falsificação da vontade do povo mediante irregularidades cometidas de uma maneira organizada".
A organização também solicitou à Comissão Eleitoral que estude a proposta de várias ONGs de repetir a primeira rodada da consulta.
Os primeiros resultados não oficiais apontaram uma vitória do "sim" na fase inicial do referendo. Segundo a Irmandade Muçulmana, o projeto de Constituição recebeu sinal verde em oito das dez províncias onde a consulta ocorreu.
O FSN defendia o "não" ao texto constitucional porque critica a sua aprovação por uma Assembleia Constituinte dominada por islamitas. O grupo também alega que a nova Carta Magna reduz direitos e liberdades, além de abrir a porta para uma interpretação islamita da lei, entre outras coisas.
Enquanto isso, está prevista para hoje a realização da quarta rodada do diálogo nacional, convocado pelo presidente Mohamed Mursi para resolver a crise e do qual o FSN se recusa a participar.
A expectativa agora é saber como acontecerá a segunda rodada do referendo, no próximo dia 22, depois que a principal associação de juízes do Conselho de Estado - órgão da Justiça administrativa - anunciou que não a supervisionará.
Os juízes consideram que suas reivindicações foram descumpridas pela Presidência, a principal das quais era o fim das manifestações nos arredores do Tribunal Constitucional.
Ontem à noite, o procurador-geral egípcio, Talaat Ibrahim, renunciou ao cargo pouco menos de um mês após ter sido designado por Mursi graças a uma polêmica declaração constitucional.
Nesta segunda-feira, mais de 1 mil promotores se manifestaram em frente à Suprema Corte de Justiça, no Cairo, para pedir sua renúncia e cercaram seu escritório por considerar que o decreto presidencial que o nomeou representa uma "violação da independência da magistratura e uma intervenção em seus trabalhos".