O Supremo Conselho Militar que assumiu o governo do Egito espera que emendas à Constituição sejam rapidamente redigidas e levadas a referendo dentro de dois meses, abrindo caminho para a convocação de eleições, segundo jovens ativistas envolvidos nos protestos que derrubaram o presidente Hosni Mubarak na semana passada.
Wael Ghonim, executivo do Google que passou duas semanas detido por causa do seu envolvimento nos protestos, disse pelo Facebook que ele e sete outros ativistas se reuniram no domingo à noite com dois integrantes da junta militar.
Foi o primeiro contato entre o Conselho Militar e os ativistas, num sinal de que os generais compreendem que será impossível ignorar os responsáveis pela revolta.
"Um comitê constitucional conhecido por sua integridade, honra e sem ligação com nenhuma tendência política foi formado para concluir as emendas constitucionais no espaço de dez dias, e eles vão tentar fazer um referendo dentro de dois meses", disse a página do Facebook, intitulada "Somos todos Khaled Said", em homenagem a um ativista de Alexandria morto no ano passado sob custódia policial.
Abdel-Rahman Samir, outro ativista presente na reunião, disse acreditar que os dois generais quiseram dizer que os artigos constitucionais merecedores de revisão serão identificados em dez dias, e não que a nova redação já estará pronta até lá.
Uma fonte do Exército disse que a prioridade imediata é restaurar a segurança e retomar a atividade econômica, e que o prazo de dois meses para o referendo é um "cronograma geral".
Os militares anunciaram no domingo que dissolveram o Parlamento e suspenderam a Constituição, e que governarão o país durante seis meses ou até que novas eleições sejam realizadas.
"Eles afirmaram que o Exército não quer assumir o poder no Egito e que o Estado civil é o único caminho para o progresso do Egito", disse Ghonim pelo Facebook. "O Exército defendeu a continuidade do atual gabinete, dizendo estar trabalhando para substituí-lo rapidamente, mas que um (gabinete) interino é necessário para proteger interesses populares."
Ghonim relatou também que os militares prometeram buscar todos os manifestantes que desapareceram durante a rebelião, com base em uma lista a ser preparada pelos ativistas juvenis.
Além disso, o Exército também conclamou os jovens a formarem novos partidos políticos, e propôs uma campanha para arrecadar o equivalente a 17 bilhões de dólares em donativos para a reconstrução do país, segundo Ghonim. "O papel do Exército será assegurar a transição democrática e proteger a democracia, e ele não irá interferir de forma alguma no processo político."
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