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Crise no Egito

Egito retira reconhecimento da Irmandade Muçulmana como ONG

O governo interino do Egito revogou nesta terça-feira (8) a autorização para o funcionamento de uma organização não-governamental (ONG) fundada recentemente pela Irmandade Muçulmana.

A decisão vem à tona em meio a uma campanha de repressão à Irmandade Muçulmana protagonizada pelo governo empossado pelos militares que derrubaram o presidente Mohammed Morsi em um golpe de Estado em 3 de julho.

A ONG em questão foi registrada em março, quando Morsi ainda era o presidente do Egito. No fim de setembro, um tribunal egípcio baniu a Irmandade Muçulmana e todas as entidades a ela relacionadas e ordenou o confisco de seus bens.

Ontem, um painel de juízes recomendou a dissolução do braço político da Irmandade Muçulmana. Na recomendação, os magistrados argumentam que o partido representa uma organização considerada ilegal no país. A orientação dos juízes será agora entregue ao tribunal que analisa o processo de dissolução do partido. A próxima audiência está marcada para 19 de outubro.

A Irmandade Muçulmana foi fundada há 85 anos. Ela existiu durante décadas na ilegalidade. Em 2011, a organização conseguiu fundar um partido político na esteira do levante popular que derrubou a ditadura do general Hosni Mubarak.

Nas urnas, o partido tornou-se a maior bancada no Parlamento e, no ano passado, elegeu Mohammed Morsi na primeira votação aberta para presidente na milenar história do país.

Em julho, no entanto, Morsi foi deposto em um golpe militar. Desde então, líderes da Irmandade Muçulmana foram presos e protestos em favor do grupo e da restauração da democracia foram brutalmente reprimidos pelas forças governamentais. A repressão já deixou centenas de mortos.

Também nesta terça-feira, o general Abdel-Fattah el-Sissi, comandante do exército egípcio, acusou a Irmandade Muçulmana de agir de maneira "arrogante e tirânica" no período de um ano e três meses durante o qual Morsi exerceu a presidência.

Em sua primeira entrevista desde que liderou o golpe que depôs Morsi, concedida ao jornal Al-Masry Al-Youm, o general El-Sissi disse ainda que "líderes da Irmandade Muçulmana" advertiram a ele que haveria "ataques terroristas" se Morsi fosse deposto. Fonte: Associated Press.

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