O toque de recolher imposto no domingo no Cairo pela junta militar que governa o Egito foi suspenso no horário previsto (7h desta segunda-feira, no horário local), mas o clima na capital continua tenso após a morte de 24 pessoas em uma manifestação que terminou em confrontos com as forças de segurança. Segundo a agência de notícias estatal Mena, dezenas de "instigadores do caos" foram presos depois do dia mais violento desde a queda do ditador Hosni Mubarak. Tropas reforçam a segurança nas ruas do Cairo, mas houve novos confrontos entre agentes e cristãos em frente a um hospital para onde foram levadas as vítimas da violência de domingo.

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Foi convocada para esta segunda-feira uma reunião de emergência do Conselho Supremo das Forças Armadas, que governa interinamente o Egito até as eleições marcadas para 28 de novembro. Ainda no domingo, o primeiro-ministro Essam Sharaf foi à TV estatal para pedir calma à população.

A manifestação começou como uma marcha de cristãos coptas, que reuniram 10 mil pessoas para protestar contra a proibição de reformar uma igreja. Supostos milicianos da Junta Militar teriam aberto fogo para impedir o protesto, que terminou reunindo egípcios da maioria muçulmana e secularistas, frustrados com a lentidão das reformas no país.

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Mais de mil militares foram mandados às ruas, junto com veículos blindados. Pelo menos 200 pessoas ficaram feridas nos protestos. Parte dos mortos deve ser velada nesta segunda na Catedral dos coptas, que representam 10% dos 80 milhões de habitantes do Egito.

Os cristãos culpam a junta militar que governa o país por ter reagido à manifestação de domingo e ser condescendente com ataques após a queda de Mubarak. Eles estão cada vez mais preocupados com as manifestações de poder de islamitas ultraconservadores.

Para o premier Essam Sharaf, a violência de domingo foi causada por um "complô" e ameaça a transição. Mas a junta militar manteve a previsão de realizar eleições em novembro.

"Estes eventos nos fizeram retroceder disse o premiê, pedindo unidade. "Em lugar de avançar na construção de um Estado moderno, com princípios democráticos, estamos de novo buscando estabilidade e buscando as mãos ocultas, nacionais e estrangeiras, que se intrometem na segurança do país."

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