Ativistas e blogueiros estão pressionando o comando militar do Egito para investigar acusações de abusos sérios contra manifestantes, incluindo alegações de que soldados submeteram presas aos chamados testes de virgindade.

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Os blogueiros prometem um dia de protesto virtual amanhã para condenar a ação. Em fevereiro, o presidente Hosni Mubarak renunciou em meio a grandes protestos no Egito, e o Conselho Supremo das Forças Armadas passou a comandar a nação árabe.

As acusações sobre testes de virgindade apareceram após uma manifestação em 9 de março tornar-se violenta na Praça Tahrir, quando policiais à paisana atacaram civis e o Exército interveio para esvaziar o local. Uma mulher presa falou sobre o fato, e a Anistia Internacional documentou as acusações em um relatório segundo o qual 18 presas foram ameaçadas com acusações de prostituição e tiveram de passar por testes a fim de comprovar que eram virgens. Elas também foram agredidas e receberam choques elétricos, segundo o relatório.

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O comando militar foi alvo de muitas críticas dos jovens que protestavam. A juventude egípcia reclama também do ritmo lento das reformas. Desde a queda de Mubarak, em 11 de fevereiro, os militares lideraram a repressão a protestos pacíficos. Críticos acusam os militares de não garantir a volta da segurança às ruas e também por não lançarem um diálogo nacional.

No fim de março, o general Ismail Etman, porta-voz do conselho que comanda o país, negou que o governo tenha reprimido uma manifestação em 9 de março. Ele criticou, porém, o fato de mulheres e homens estarem juntos durante manifestações. "Havia garotas com jovens homens em uma tenda. Isso é racional? Havia drogas. Prestem atenção!", afirmou Etman na ocasião. Ele confirmou que policiais militares prenderam 17 mulheres, de um total de 170, no ato de 9 de março.

Uma das mulheres presas, Salwa al-Husseini, deu detalhes em uma entrevista coletiva em março sobre o tratamento recebido e afirmou que teve de fazer um teste para comprovar que era virgem. Ela afirmou ter sido agredida no rosto e levado choques nas pernas na Praça Tahrir, antes de ser levada a uma prisão militar.

A jovem afirmou que ela e as outras detidas foram levadas para um quarto com duas portas e uma janela, sendo que as portas estavam totalmente abertas. "As garotas tinham de tirar toda sua roupa para a revista, enquanto havia câmeras do lado de fora filmando para fabricar acusações de prostituição contra nós", afirmou. "A garota que dizia ser virgem era submetida a um teste por alguém. Nós não sabemos se ele era um soldado ou algum garoto em nome deles (militares)", relatou.

A Anistia Internacional divulgou em seu relatório que uma mulher afirmou aos militares ser virgem, porém acabou agredida e recebeu choques quando o teste supostamente mostrou o contrário. "Forçar mulheres a realizar 'testes de virgindade' é completamente inaceitável", denunciou a entidade. "Isso tem o propósito de degradar a mulher, (simplesmente) porque elas são mulheres".

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O conselho militar prometeu a volta de um governo civil após a realização de eleições ainda este ano. Porém alguns egípcios temem que o conselho esteja adotando medidas consideradas autocráticas. Segundo os críticos, qualquer tentativa de criticar as ações militares é um tabu.

Hoje, um promotor militar questionou um importante blogueiro e outros quatro membros da imprensa, por suas críticas à performance do conselho militar e da polícia militar. O grupo Rede Árabe pela Informação sobre Direitos Humanos divulgou comunicado acusando o conselho de tentar silenciar os críticos e criar "uma atmosfera de medo". "O conselho não é feito de anjos" afirmou a entidade.