Os jihadistas do grupo Estado Islâmico (EI) destruíram mais de 50% das ruínas assírias de Nimrud durante o ataque de ontem ao sítio arqueológico situado no norte do Iraque, informou nesta sexta-feira (6) a presidente do comitê de Turismo e Antiguidades da província de Ninawa, onde a cidade se localiza. Balquis Taha disse que esta cidade assíria tem “tesouros arqueológicos de incalculável valor”.
A funcionária se mostrou especialmente preocupada pelo destino das estátuas de touro alados, das quais existem duas no sítio arqueológico, que data do século 13 antes de Cristo. Taha denunciou que a organização terrorista trata de “maneira bárbara e imoral” as antiguidades e não respeita o patrimônio iraquiano. Por isso, pediu para a comunidade internacional “intervir para salvar o patrimônio cultural de Mossul”, capital de Ninawa.Nimrud, conhecida na Bíblia como Kalakh, foi uma das capitais do Império Assírio e está situada junto ao rio Tigre e a cerca de 30 quilômetros de Mossul.
A cidade arqueológica é a principal do Iraque, segundo Taha, que expressou a grande preocupação de seu comitê diante do que está ocorrendo e seus temores de que aconteçam mais ataques. O Ministério de Turismo e Antiguidades informou ontem à noite que os jihadistas empregaram maquinaria pesada para arrasar Nimrud, e solicitou ao Conselho de Segurança da ONU que realize uma reunião urgente sobre a questão.
Em 26 de fevereiro, o EI divulgou um vídeo pela internet no qual mostrava seus integrantes destruindo dezenas de figuras do Museu da Civilização de Mossul, algumas delas assírias. Um dos jihadistas que aparecia no vídeo justificou o ato de vandalismo afirmando que os povos da antiguidade adoravam a ídolos “em vez da Alá”, e que o próprio profeta Maomé destruiu com suas próprias mãos figuras similares.