O diretor da agência nuclear da ONU, Mohamed El Baradei, se preparava nesta segunda-feira para reuniões em Washington nas quais deve pressionar as autoridades americanas a oferecer garantias de segurança ao Irã em troca do fim do programa nuclear iraniano, segundo diplomatas.
Líderes da União Européia estão preparando um pacote de incentivos para que o Irã deixe de enriquecer urânio. Esse pacote será analisado em uma reunião das potências do Conselho de Segurança da ONU, marcada para quarta-feira, em Londres, mas já enfrenta ceticismo de Washington e Teerã.
Alguns governos europeus, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA, o órgão da ONU comandado por El Baradei) e muitos analistas acreditam que o Irã só seria convencido a parar suas atividades nucleares, se os EUA se comprometessem a não tentar derrubar o regime islâmico do país, que nega intenções de desenvolver armas atômicas, como teme o Ocidente.
Mas Washington rejeita qualquer garantia aos líderes iranianos, que fazem repetidas ameaças a Israel e são acusados de fomentar o terrorismo internacional. Teerã, por sua vez, diz que tais garantias norte-americanas não seriam confiáveis.
A AIEA não informou a pauta da reunião de El Baradei com a secretária de Estado Condoleezza Rice, o assessor de Segurança Nacional Stephen Hadley, o chefe de inteligência John Negroponte e senadores dos EUA, na terça e na quarta-feira.
Mas diplomatas próximos à AIEA disseram que possivelmente ele ressaltará a necessidade de um acordo abrangente que envolva comércio, segurança e questões diplomáticas, como forma de encontrar uma solução durável para o impacto.
- El Baradei vem defendendo (o contato direto entre EUA e Irã), pois a segurança será essencial em qualquer acordo, e a UE sozinha não pode oferecer isso, só os EUA podem - disse um segundo diplomata, que pediu anonimato.
O diretor da AIEA quer que o Irã suspenda as atividades de enriquecimento e coopere com as investigações da agência, mas diz que o programa nuclear da República Islâmica não representa uma ameaça iminente ao mundo - uma premissa das sanções da ONU defendidas pelos EUA, caso a iniciativa européia fracasse.
El Baradei diz que o Irã tem legítimas preocupações com a sua segurança, devido às ameaças de uma "mudança de regime" a ser feita pelos EUA.
Mas John Bolton, o embaixador americano na ONU, disse na segunda-feira que tal mudança de regime pode ocorrer, se o Irã continuar ignorando os apelos da ONU.
- Se o Irã mudar de rumo, o regime pode permanecer, e eles poderão ter uma relação diferente com os Estados Unidos e o resto do mundo - disse Bolton em uma reunião da entidade humanitária judaica B'nai B'rith Internacional.
El Baradei vai passar duas semanas nos EUA. Além das reuniões diplomáticas, também fará conferências em universidades e receberá um prêmio em Los Angeles.
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