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O presidente de El Salvador, Nayib Bukele, anunciou no domingo (26) que o uso de força letal por policiais e militares está autorizado no país. A medida é uma resposta ao aumento de homicídios registrados nos últimos dias e atribuído às gangues que atuam na nação centro-americana.
"O uso da força letal está autorizado para defesa própria ou para a defesa da vida dos salvadorenhos", disse Bukele pelo Twitter, acrescentando que "as maras estão aproveitando que quase a totalidade da força pública está controlando a pandemia" do novo coronavírus.
As celas de membros de gangues em presídios foram vedadas nesta segunda-feira. No dia anterior, os membros de gangues rivais, que ficavam em celas separadas por grupos, foram misturados, em tentativa de cortar a comunicação entre eles.
"Já não poderão ver para fora da cela. Isso evitará que possam se comunicar com sinais pelo corredor. Ficarão lá dentro, com seus amigos de outra gangue", disse Bukele na noite desta segunda-feira ao compartilhar fotos de celas sendo lacradas.
"Nas ruas, continuamos capturando todos os líderes das três gangues", disse o mandatário. "O membro de gangue que oferecer resistência será abatido com força proporcional e possivelmente letal por nossa força pública".
O diretor dos centros penitenciários do país centro-americano, Osiris Luna Meza, disse que os detentos "não verão nenhum raio de sol" e que não haverá comunicação entre eles. "Membros de gangues diferentes estão na mesma cela", disse o diretor.
Segundo relatos da imprensa local, desde a sexta-feira foram contabilizados 47 homicídios em todo o território salvadorenho.
As forças de segurança que estavam atuando no combate ao novo coronavírus no país agora terão a tarefa de recuperar o controle nas prisões e no território salvadorenho, disse o ministro de Justiça e Segurança Pública, Rogelio Rivas.
O gabinete presidencial de El Salvador informou que Bukele teve uma reunião com o gabinete de segurança na noite desta segunda-feira para determinar as estratégias de ação com as agências de inteligência do Estado para prender as pessoas que estão por trás da alta nos homicídios.
O presidente salvadorenho já havia decretado na sexta-feira emergência máxima nas penitenciárias que abrigam membros de gangues e ordenado que os líderes das organizações criminosas fossem levados ao isolamento total. A ordem é de isolamento absoluto, 24 horas por dia, durante todos os dias para os líderes das gangues enquanto se realizam as operações policiais.
A decisão do decreto foi tomada após informações de inteligência revelarem que as ordens dos assassinatos tinham origem nos presídios, segundo o governo.
Ainda de acordo com a imprensa local, duas das principais gangues de El Salvador, a Mara Salvatrucha (MS13) e a Barrio 18, que possuem cerca de 60 mil membros, deram ordens para os moradores das regiões que controlam de respeitar o confinamento sob ameaças de morte.
Em um vídeo compartilhado por Bukele, cinco pessoas encapuzadas que dizem ser membros da gangue 18 Sureños pedem a várias instituições que se mantenham vigilantes diante de "supostas violações" de direitos humanos. Uma das pessoas no vídeo afirma que a gangue reduzirá os homicídios para que seus membros nos presídios não sejam afetados.
O governo de El Salvador divulgou fotos de operações de segurança em presídios nos últimos dias em que os presos, embora com máscaras, estão aglomerados e muito próximos entre si. Existe a preocupação de que o novo coronavírus se espalhe pelos presídios lotados na América Latina. No Chile, na prisão de Puente Alto, em Santiago, mais de 300 casos da doença foram confirmados entre os 1.100 detentos, segundo a imprensa local.
No final de março, a polícia de El Salvador prendeu mais de 300 pessoas que violaram a quarentena obrigatória a toda a população decretada para conter a propagação da Covid-19.
Em fevereiro, militares e policiais armados entraram na Assembleia Legislativa de El Salvador para demonstrar apoio a um plano de segurança do governo de Bukele. A iniciativa foi amplamente vista como forma de intimidação aos opositores.
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