Rodrigo Avila, candidato à presidência de El Salvador| Foto: Reuters/Daniel Leclair

El Salvador vota neste domingo para eleger seu próximo presidente sob um clima de tensão, que opõe um partido fundado por rebeldes marxistas a seus opositores da direita, que se mantêm no poder há 20 anos.

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Dezenas de milhares de imigrantes salvadorenhos nos EUA voltaram para casa para votar em uma disputa apertada que reabriu feridas do conflito que se arrastou de 1980 a 1992.

As pesquisas de opinião dão uma ligeira vantagem ao candidato de esquerda Mauricio Funes, de 49 ano e ex-repórter de televisão e atual favorito, sobre o conservador governista Rodrigo Ávila.

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A escolha de um candidato sem laços com seu passado guerrilheiro deu à FMLN (Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional) sua maior chance até hoje de tomar o lugar da governista Arena (Aliança Republicana Nacional).

A FMLN promete aliviar o golpe da crise desencadeada nos EUA com políticas de centro-esquerda para ajudar os pobres, ao mesmo tempo em que mantém boas relações com líderes empresariais e com Washington, velho inimigo da FMLN.

Muitos no país estão ansiosos para que o país se some à recente virada à esquerda na América Latina, mas outros relutam diante da possibilidade de um partido ligado ao socialismo cubano assumir o poder em meio ao agravamento da crise econômica.

Confrontos armados entre militantes da direita e da esquerda deixaram várias pessoas feridas na capital San Salvador nos últimos dias, após uma campanha marcada pela troca de ofensas referentes à guerra civil que marcou o país.

"É preocupante. A campanha está muito suja. Acho que veremos manifestações amanhã, nenhum dos lados vai aceitar a derrota", disse Dora Acosta, de 59 anos, que planeja manter a família em casa depois que terminar seu turno de cozinheira.

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Um quarto da população de El Salvador vive nos EUA, um governo aliado desde os dias da guerra civil, e o pequeno país depende muito do dinheiro enviado pelos imigrantes.

Mas essas remessas e a demanda norte-americana por produtos fabricados em El Salvador têm diminuído por causa da recessão nos EUA.

Funes, que costumava apresentar talk shows críticos ao governo da Arena, promete acabar com a corrupção e a evasão fiscal e usar esses fundos para criar empregos e amenizar a pobreza.

Ávila, de 44 anos, ex-delegado da polícia nacional e ex-atirador de elite do Exército que admite ter matado rebeldes esquerdistas durante a guerra, demonstrou admiração por Roberto D'Aubuisson, líder direitista de um esquadrão da morte que fundou a Arena em 1981.

Com laços profundos com o meio empresarial, a Arena diz estar mais bem preparada para lidar com a desaceleração econômica. Em suas duas décadas no poder, o partido desenvolveu os setores industrial e de serviços em um país habituado a viver da produção de tinturas e café.

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"Nosso partido mudou e evoluiu com o tempo. Minha trajetória é a de alguém que acredita na paz", disse Ávila na sexta-feira quando indagado sobre seu passado. Mas ele reconheceu que El Salvador ainda tem muito a fazer para sanar sua profunda divisão política.