Desmentindo a informação publicada por um jornal austríaco, o ganahador do Prêmio Nobel da Paz MohamedElBaradei afirmou nesta sexta-feira (4) que pode concorrer à Presidência do Egito se o povo pedir. Em meio às especulações sobre a sucessão de Hosni Mubarak, ao longo do dia, o secretário-geral da Liga Árabe, Amr Moussa, disse que não descarta a possibilidade de entrar na disputa. Já a Irmandade Muçulmana, maior grupo de oposição no país, informou que não pretende ter candidato ao cargo.
"Se o povo egípcio quiser que eu continue o processo de mudança, eu não vou desapontar o povo egípcio", afirmou ElBaradei à TV depois de negar que tenha descartado essa possibilidade, como afirmou o diário "Der Standard".
Apesar de manifestantes da oposição manterem a pressão sobre Mubarak, realizando um novo megaprotesto pacífico após dois dias de confrontos, o ditador não deu sinais de que vai ceder aos pedidos por sua saída e o início imediato da transição de poder. O primeiro-ministro egípcio, Ahmed Shafiq, afirmou nesta sexta-feira que o presidente que não vai entregar o poder a seu vice, Omar Suleiman, como alguns especulam.
Moussa vai a protesto no Cairo, mas é impedido de falar
Apesar da pressão, o chefe da Liga Árabe disse esperar que Mubarak permaneça no cargo até o fim de seu mandato. Em entrevista a rádio francesa Europe 1, ele afirmou no entanto que, como "há coisas extraordinárias acontecendo e há caos, talvez ele tome uma decisão diferente".
Ex-chanceler do ditador egípcio, Moussa participou dos protestos na Praça Tahrir nesta sexta, mas foi impedido de falar quando tentou fazer pronunciamentos. Segundo testemunhas, pessoas de seu comboio gritavam "queremos Moussa presidente". Na entrevista, ele disse acreditar que é impossível organizar eleições rapidamente no Egito.
Moussa afirmou ainda que aceitaria um papel em um governo de transição, caso venha a ser instalado. Quando perguntado sobre uma possível candidatura à Presidência, sua resposta foi "por que dizer não?". Ele afirmou ainda que nenhum governo no Egito pode ignorar a Irmandade Muçulmana".
Irmandade Muçulmana deve ser reconhecida como partido
Um dirigente do grupo islâmico disse nesta sexta-feira à TV al-Jazeera que não tem intenção de disputar a sucessão de Mubarak. Mohammed al Beltagi afirmou também que representantes do governo informaram que o movimento será oficialmente reconhecido como partido.
Apesar de banida, a Irmandade foi nesta semana convidada para discutir uma reforma política, em meio aos protestos populares pela renúncia do ditador. Ativistas da organização têm tomado parte dos protestos contra Mubarak, mas o grupo afirma não ter participação na organização das manifestações.
"Estamos prontos para negociar depois do regime de Mubarak", disse ele, acrescentando que o governo está "flertando" com o grupo. "Dissemos claramente que não temos ambições de disputar a Presidência, ou cargos num governo de coalizão", frisou.
No poder há 30 anos, Mubarak disse que não disputará um novo mandato nas eleições de setembro. Seu filho Gamal, que era considerado o principal candidato à sucessão, também não concorrerá ao cargo, segundo o vice-presidente egípcio, Omar Suleiman.
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