A Alemanha realizará eleições gerais hoje e são grandes as chances de a chanceler Angela Merkel ter de formar uma coalizão com o Partido Social Democrata (SPD, na sigla em alemão), seu principal adversário nas urnas. Esse cenário desperta incerteza, uma vez que ambos têm visões opostas sobre questões econômicas importantes. As últimas pesquisas indicam que a chanceler não deve conseguir maioria para formar um governo sem se aliar ao SPD.
Essa parceria já aconteceu entre 2005 e 2009 e poderia diminuir a postura austera da Alemanha no combate à crise da zona do euro, uma vez que o SPD defende políticas voltadas ao crescimento econômico. Analistas do BNP Paribas afirmam que esse é o cenário mais provável, uma vez que uma aliança da coalizão CDU/CSU com outros partidos de oposição, que não o SPD, não deve ser suficiente para obter maioria no Parlamento alemão.
"Apesar de não ser a opção preferida de nenhum dos dois lados, algumas pesquisas sugerem que essa é a opção preferida do eleitorado", diz Evelyn Hermann, economista para Europa do BNP Paribas, argumentando que as chances de uma "grande coalizão" são maiores do que as chances de o governo continuar da forma que está atualmente.
Pesquisas
As pesquisas mais recentes, conduzidas pelo Instituto Allensbach e pelo Forsa, mostraram que a coalizão de centro-direita de Merkel não deve obter votos suficientes para formar o governo sem uma aliança. O Instituto Forsa aponta que a coalizão receberá 44% dos votos. Os demais partidos com representação relevante SPD, Partido Verde e A Esquerda também somam 44% dos votos na pesquisa.
Ainda há o risco de o Partido Liberal Democrata (FDP), parceiro da coalizão de Merkel, não conseguir a marca mínima de 5% dos votos para obter participação no Parlamento. Segundo a economista do Paribas, esse cenário é reforçado pela incerteza gerada com o novo partido antieuro do país, o Alternativa para a Alemanha (AfD). Uma pesquisa do Instituto Insa, divulgada na quinta-feira, foi a primeira a mostrar o AfD com 5% dos votos, nível mínimo para obter participação no Parlamento.