Governo eleito terá de lutar por apoio
Após a eleição e posse do novo presidente, Honduras inicia uma longa jornada rumo à normalidade. Segundo especialistas, o país vai passar os próximos anos tentando superar divisões e prejuízos causados pela disputa de poder deste segundo semestre.
Futuro
Destino de Zelaya após pleito segue indefinido
Osny Tavares
Após a escolha do novo presidente de Honduras, permanecerá em aberto o futuro do presidente deposto Manuel Zelaya, assim como quais condições de governo terá o próximo mandatário.
Caso a eleição do novo presidente de Honduras seja reconhecida pela comunidade internacional, o destino de Zelaya passa a ser a única pendência. Atualmente, Zelaya é acusado pela justiça hondurenha de abuso de autoridade, usurpação de funções governamentais e alta traição. Será preso caso saia da embaixada do Brasil em Tegucigalpa, onde está abrigado desde setembro.
Como a legitimidade do pleito de hoje é questionada por vários países entre eles, Brasil, Chile e Argentina o grupo vencedor nas urnas poderá usar uma eventual anistia a Zelaya como trunfo para conseguir o apoio da ampla maioria dos membros da Organização dos Estados Americanos (OEA).
O não reconhecimento de um governo é uma decisão unilateral de um Estado. No caso hondurenho, quem não o reconhecer estará desobrigado de ouvir qualquer determinação, manter relações diplomáticas e conceder auxílio financeiro ao país.
Tegucigalpa - A eleição de hoje em Honduras pode conseguir o que o regime golpista tenta fazer há cinco meses: acabar com a carreira política do presidente esquerdista deposto José Manuel Zelaya e substituí-lo por um líder moderado que responda à elite local.
Washington, que prometeu não reconhecer as eleições a menos que Zelaya fosse restaurado ao cargo, agora parece ter decidido que tem poucas opções e fará exatamente isso.
"No final, o golpe ganhou", diz Heather Beckamn, analista política da América Latina para o Eurasia Group, em Nova York.
Milhões de hondurenhos pobres depositavam suas esperanças nas políticas esquerdistas de Zelaya numa nação dominada por uma elite endinheirada. Mas agora não têm candidato presidencial que, ao menos, diga representá-los: o único candidato que apoiava Zelaya, César Ham, se retirou da disputa no mês passado sob a alegação de que sua participação daria respaldo ao golpe.
Os principais candidatos pertencem aos dois partidos que votaram ostensivamente no Congresso em apoio ao golpe contra Zelaya um deles inclusive ajudou Zelaya a ser eleito antes de se voltar contra o mandatário.
Zelaya, que foi deportado por soldados em 28 de junho, regressou clandestinamente a Honduras três meses depois e desde então permanece abrigado na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa. Seu mandato termina em janeiro e a Constituição local proíbe a reeleição.
Inicialmente, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, denunciou o golpe, o primeiro na América Central em quase duas décadas, e disse que os EUA não reconheceriam nenhuma eleição que fosse feita sob um governo instalado pelos golpistas.
Zelaya escreveu a Obama perguntando ao mandatário dos EUA por que Washington mudou de posição, e instou os líderes da América Latina "a não adotarem posições ambíguas ou imprecisas semelhantes à demonstrada pelos Estados Unidos".
Muitos governos de tendência esquerdista da América Latina admitem que a eleição de hoje equivale a uma legitimação ao golpe em Honduras. Entre eles, o Brasil.
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