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Apoiadores do presidente interino Roberto Micheletti em Tegucigalpa: população se divide entre bases calorosas e um grande grupo de céticos; até 60% dos eleitores no país podem se abster de votar hoje | Orlando Sierra/AFP
Apoiadores do presidente interino Roberto Micheletti em Tegucigalpa: população se divide entre bases calorosas e um grande grupo de céticos; até 60% dos eleitores no país podem se abster de votar hoje| Foto: Orlando Sierra/AFP

Governo eleito terá de lutar por apoio

Após a eleição e posse do novo presidente, Honduras inicia uma longa jornada rumo à normalidade. Segundo especialistas, o país vai passar os próximos anos tentando superar divisões e prejuízos causados pela disputa de poder deste segundo semestre.

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Futuro

Destino de Zelaya após pleito segue indefinido

Osny Tavares

Após a escolha do novo presidente de Honduras, permanecerá em aberto o futuro do presidente deposto Manuel Zelaya, assim como quais condições de governo terá o próximo mandatário.

Caso a eleição do novo presidente de Honduras seja reconhecida pela comunidade internacional, o destino de Zelaya passa a ser a única pendência. Atualmente, Zelaya é acusado pela justiça hondurenha de abuso de autoridade, usurpação de funções governamentais e alta traição. Será preso caso saia da embaixada do Brasil em Tegucigalpa, onde está abrigado desde setembro.

Como a legitimidade do pleito de hoje é questionada por vários países – entre eles, Brasil, Chile e Argentina – o grupo vencedor nas urnas poderá usar uma eventual anistia a Zelaya como trunfo para conseguir o apoio da ampla maioria dos membros da Organização dos Estados Americanos (OEA).

O não reconhecimento de um governo é uma decisão unilateral de um Estado. No caso hondurenho, quem não o reconhecer estará desobrigado de ouvir qualquer determinação, manter relações diplomáticas e conceder auxílio financeiro ao país.

  • Saiba quem são os candidatos à presidência de Honduras

Tegucigalpa - A eleição de hoje em Honduras pode conseguir o que o regime golpista tenta fazer há cinco me­­ses: acabar com a carreira política do presidente es­­querdista deposto José Manuel Zelaya e substituí-lo por um lí­­der moderado que responda à elite local.

Washington, que prometeu não reconhecer as eleições a me­­nos que Zelaya fosse restaurado ao cargo, agora parece ter decidido que tem poucas opções e fará exatamente isso.

"No final, o golpe ganhou", diz Heather Beckamn, analista política da América Latina para o Eurasia Group, em Nova York.

Milhões de hondurenhos po­­bres depositavam suas esperanças nas políticas esquerdistas de Zelaya numa nação dominada por uma elite endinheirada. Mas agora não têm candidato presidencial que, ao menos, diga re­­pre­­sentá-los: o único candidato que apoiava Zelaya, César Ham, se retirou da disputa no mês passado sob a alegação de que sua participação daria respaldo ao golpe.

Os principais candidatos pertencem aos dois partidos que vo­­taram ostensivamente no Con­­gresso em apoio ao golpe contra Zelaya – um deles inclusive ajudou Zelaya a ser eleito antes de se voltar contra o mandatário.

Zelaya, que foi deportado por soldados em 28 de junho, regressou clandestinamente a Hondu­­ras três meses depois e desde en­­tão permanece abrigado na Em­­baixada do Brasil em Tegucigalpa. Seu mandato termina em janeiro e a Constituição local proíbe a reeleição.

Inicialmente, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, denunciou o golpe, o primeiro na América Central em quase duas décadas, e disse que os EUA não reconheceriam nenhuma eleição que fosse feita sob um governo instalado pelos golpistas.

Zelaya escreveu a Obama perguntando ao mandatário dos EUA por que Washington mu­­dou de posição, e instou os líderes da América Latina "a não adotarem posições ambíguas ou imprecisas semelhantes à de­­monstrada pelos Es­­tados Uni­­dos".

Muitos governos de tendência esquerdista da América Latina admitem que a eleição de hoje equivale a uma legitimação ao golpe em Honduras. Entre eles, o Brasil.

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