A Assembléia Geral da ONU continuava paralisada hoje na eleição, disputada por Venezuela e Guatemala, do próximo país que representará a América Latina no Conselho de Segurança, e já se vislumbra a aparição de um candidato de consenso. Após a realização de 20 votações, os 192 países da ONU se mantinham divididos entre os dois candidatos oficiais e não se sabe ainda que país ocupará o posto não-permanente no Conselho de Segurança que a Argentina deixará vago no final do ano.
Para conseguir uma cadeira no Conselho, é necessário obter dois terços dos votos dos países da Assembléia Geral que participam da votação, número que oscila em razão das abstenções.
A Guatemala ficou à frente em todas as rodadas de votação (com a exceção de um empate na segunda-feira), mas não alcançou votos suficientes para poder sair vencedora. Na vigésima rodada, a Guatemala obteve 102 votos e a Venezuela 81.
Diante da incapacidade de declarar um vencedor, existe uma pressão cada vez maior pela escolha de um candidato de consenso que possa romper a estagnação. México e Chile são alguns dos países que propõem esta alternativa e devem convocar uma reunião do Grupo Latino e do Caribe da ONU (GRULAC) para avaliar as opções.
- Estamos propondo essa alternativa todas as manhãs, porque a votação não avança. É necessária uma reunião para analisar como os candidatos vêem suas expectativas - declarou o embaixador mexicano na ONU, Enrique Berruga.
Uma opção, segundo disse, é a de que os dois candidatos se retirem, o que permitiria surgir um terceiro; a outra alternativa é de que um dos dois abra mão da vaga. Entre os possíveis candidatos de consenso estão Uruguai, Costa Rica, Panamá e República Dominicana.
Ainda que o México também estivesse na lista inicial, seu embaixador tem desmentido as pretensões mexicanas, já que devem se candidatar à vaga no biênio 2009-2010.
Mas, por enquanto, nem Guatemala nem Venezuela estão dispostos a jogar a toalha, e querem que as votações continuem.
O ministro das Relações Exteriores guatemalteco, Gert Rosenthal, afirmou que seu país continuará na disputa e considera que o país tem chances de obter os votos de dois terços da Assembléia que são necessários.
- Qualquer país que precisasse de 30 votos para ganhar, teria se retirado. Não é uma disputa entre Venezuela e EUA, mas entre dois países por uma cadeira no Conselho. Vamos insistir um pouco mais - afirmou o chanceler.
Além disso, Rosenthal ressaltou que não vai ser fácil encontrar um substituto para a Guatemala, especialmente porque existem quatro ou cinco possíveis candidatos de consenso, e a América Latina está muito dividida.
Ele lamentou que seu país seja visto como um "representante" dos EUA, assim como a polarização no seio da América Latina e também da ONU que suscitou esta disputa por uma cadeira no Conselho de Segurança.
Apesar do aumento das pressões sobre a Venezuela, candidato menos votado, para que abra mão da disputa, seu embaixador, Francisco Arias Cárdenas garantiu que seu país não abandonará a disputa até que os EUA deixem de pressionar os países da ONU para que votem na Guatemala.
- Concordamos com a criação de um consenso. Mas os EUA devem deixar que os países escolham livremente, e não devem utilizar o dinheiro e as necessidades das nações para fazer com que votem em um candidato - disse.
Os 192 países da Assembléia Geral continuarão as votações durante à tarde na segunda jornada do processo eleitoral, que se transformou em uma disputa entre o poder de influência dos EUA e a Venezuela.
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