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Sting: sem dom para as rimas | Arquivo Gazeta do Povo
Sting: sem dom para as rimas| Foto: Arquivo Gazeta do Povo

Curitiba – Pouca gente sabe, mas hoje tem eleição em Cuba. Não houve campanha nem debates e todos os candidatos são ou apartidários ou do Partido Comunista – liderado por Fidel Castro, no poder desde 1959. Cerca de 15 mil vagas para vereadores serão preenchidas.

É o início de um processo que vai culminar com a votação do Parlamento no início do próximo ano, quando os legisladores irão confirmar – ou não – mais um mandato para Fidel. Nas últimas três décadas, essa sempre foi a decisão do Parlamento. Com o líder cubano fora de cena desde meados do ano passado, há especulações de que nesse ano o irmão dele Raúl, comandante interino, seja nomeado o comandante-em-chefe.

A eleição em Cuba é bastante peculiar. Os vereadores eleitos neste domingo escolherão metade dos candidatos ao Parlamento. Os outros 50% são escolhidos por uma comissão de candidaturas, formada por oito organizações sociais e que preside a Central de Trabalhadores de Cuba (CTC). A população então votará – em fevereiro ou março de 2008, a definir – para eleger os pouco mais de 600 deputados da Assembléia Nacional do Poder Popular (Parlamento). Formado o Parlamento, uma reunião decide os 31 membros do Conselho do Estado, entre eles o presidente.

Com Fidel na berlinda, o Partido Comunista buscou fortalecer o número de candidatos jovens nesse ano. Querem injetar sangue novo na política local. "Somos jovens e fortes, os que vão substituir, prontos a garantir que a Revolução continue", acredita o carpinteiro José Angel García, 41 anos, que conserta portas e persianas numa escola do centro de Havana. Sob fotos de Fidel e Raúl e um cartaz com as frases "Outro mundo é possível" nas paredes da sua oficina, García diz que, se for eleito, vai lutar por consertos nos bueiros de seu bairro, onde a água do mar entra pelas latrinas quando as ondas batem no Malecón, a avenida litorânea da capital, a uma quadra do seu prédio.

Análise

"As eleições municipais em Cuba retratam um fenômeno especialmente latino-americano que as vezes se reproduz em países da África. São democracias de ficção. Na verdade são ditaduras. E a de Cuba é uma das mais ferrenhas. Enquanto Fidel estiver vivo, isso não irá mudar. Só depois começará uma certa transição rumo a um sistema que, aí sim, poderá ser o democrático", diz a socióloga e autora de livros sobre a América Latina, Maria Lucia Victor Barbosa.

O especialista em integração latino-americana, Hugo Eduardo Meza Pinto, professor de economia do Unicenp e das Faculdades Santa Cruz, concorda. "Há uma grande diferença entre Fidel e Raúl. A figura de Fidel tem uma conotação de líder espiritual e é uma marca registrada da revolução. Com a ‘não-morte’ de Fidel, o povo cubano e quem sustenta essa ditadura ainda enxerga uma autoridade nele. A partir do momento em que ele morrer, pode haver um enfraquecimento dessa ideologia que já está corroída e a possibilidade de flexibilização desta ditadura", afirma ele.

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