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Eleições legislativas

Após mais de 20 anos batendo na trave, direita nacionalista pode governar a França pela primeira vez

Jordan Bardella, o jovem líder do partido Reagrupamento Nacional (RN) (Foto: EFE/EPA/Teresa Suarez)

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A direita nacionalista da França chamou a atenção internacional pela primeira vez em 2002, na eleição presidencial em que Jean-Marie Le Pen, pai de Marine, surpreendeu ao chegar ao segundo turno contra o então presidente Jacques Chirac.

Ele foi derrotado, mas abriu caminho para que sua filha se projetasse politicamente – Marine Le Pen também chegou ao segundo turno na eleição presidencial, em 2017 e 2022, mas em ambos foi derrotada por Emmanuel Macron.

Agora, a direita nacionalista, do partido Reagrupamento Nacional (RN, antes Frente Nacional), tem sua melhor chance de governar a França.

Neste domingo (30) e no próximo (7), serão realizados o primeiro e segundo turnos das eleições antecipadas para a Assembleia Nacional, convocadas por Macron depois que o RN foi o partido mais votado nas eleições francesas para o Parlamento Europeu, realizadas em 9 de junho.

Na França, o presidente é livre para nomear quem quiser para o cargo de primeiro-ministro, responsável pela montagem do governo, mas por uma questão de governabilidade, o indicado geralmente é do partido ou coalizão com mais cadeiras na Assembleia Nacional.

Isso porque, sem maioria na casa, o governo fica numa posição frágil, constantemente ameaçado de ser derrubado por um voto de desconfiança.

Aí, configura-se uma situação problemática nas eleições legislativas da França. O RN aparece à frente nas pesquisas, com patamares entre 34% e 37%, insuficientes para a maioria absoluta.

Jordan Bardella, o jovem líder do RN, disse que não aceitaria uma eventual nomeação para ser primeiro-ministro caso seu partido não consiga a maioria absoluta na Assembleia Nacional.

“Um primeiro-ministro com uma maioria relativa não pode mudar as coisas. Eu não seria capaz de atuar no dia a dia do povo francês, nas políticas públicas do país”, justificou.

Outra questão é que Macron dificilmente apontaria o líder do RN para o cargo de premiê: ele disse que uma vitória da direita nacionalista ou da coligação de esquerda Nova Frente Popular, que também aparece à frente da coalizão do presidente nas pesquisas, geraria o risco de uma “guerra civil” na França.

Marine Le Pen disse em entrevista à emissora de rádio RTL que, se realmente ocorrer um “bloqueio político”, Macron teria que renunciar à presidência.

Isso porque sua situação na presidência ficaria insustentável e porque Macron, pela legislação francesa, não poderia voltar a dissolver a Assembleia Nacional até junho de 2025, argumentou Le Pen. O mandato do atual presidente vai até 2027.

Nos casos de morte, destituição ou renúncia do presidente da França, o presidente do Senado assume interinamente e o primeiro turno de uma nova eleição presidencial deve ser realizado entre 20 e 35 dias após a vacância da presidência.

Se o cenário das pesquisas para as eleições legislativas se confirmar e depois Macron renunciar (o que ele nega que vá fazer, independentemente do resultado eleitoral), o RN poderia se beneficiar da onda favorável de duas vitórias eleitorais seguidas e finalmente chegar ao Palácio do Eliseu.

Propostas

Entre as propostas do RN, detalhadas em reportagem recente do jornal Le Monde, estão estimular reajustes salariais por meio da isenção dos valores desses aumentos nas contribuições patronais, até os limites de 10% e três salários mínimos; substituir o imposto sobre patrimônio imobiliário criado por Macron por uma taxa sobre patrimônio total (o que inclui também depósitos em contas correntes, poupanças e investimentos, além de bens); e basear os preços da energia na França unicamente naquela produzida dentro do país, o que reduziria a conta de luz dos domicílios franceses em 30% a 40%.

O RN também propõe uma reforma política, com referendos de iniciativa dos cidadãos e representação proporcional plena nas eleições parlamentares.

A respeito da imigração em massa e/ou ilegal, o partido defende medidas como a revogação do seguro de saúde para imigrantes ilegais e a criação de uma “preferência nacional” para o benefício, além de criar uma “dupla fronteira”, europeia e francesa, para aumentar o controle migratório.

As votações deste domingo e do próximo indicarão se o RN terá condições de governar a França e colocar esses planos em prática.

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