Após meses de incertezas, desde a renúncia do primeiro-ministro George Papandreou, no início de novembro do ano passado, o futuro da Grécia na zona do euro deve ser decidido neste domingo em uma segunda rodada de eleições, após o pleito inconclusivo de 6 de maio. Apesar de a legislação grega permitir um número ilimitado de eleições até que um governo seja formado, analistas e líderes políticos dizem que, pelo menos neste momento, esta possibilidade está descartada.
Existem basicamente dois cenários possíveis para as eleições gregas neste domingo na opinião de Theodore Couloumbis, professor de relações internacionais da Universidade de Atenas e vice-presidente da Fundação Helênica para Políticas Europeias e Internacionais (Eliamep, na sigla em grego). O primeiro cenário é composto pela formação de um governo de centro-direita, liderado pelo conservador Nova Democracia, com a participação do Partido Socialista (Pasok) e provavelmente do Esquerda Democrática (Demar).
A segunda alternativa é um governo de centro-esquerda, com a Coalizão de Esquerda Radical (Syriza) à frente. Para isso, o partido possivelmente contaria também com o apoio do Pasok e do Demar. Entretanto, estas duas últimas siglas só aceitariam tal aliança se o Syriza se comprometesse a manter a Grécia na zona do euro. Além é claro, da participação de todos os membros do governo de coalizão na renegociação dos termos do segundo pacote internacional de resgate destinado ao país, no valor de 130 bilhões de euros.
"Com esse segundo cenário, o país vai ter de lidar com as incertezas que serão criadas nos mercados. Até mesmo uma corrida bancária. Mas muitos empresários têm dito que nem tudo está perdido, desde que o Syriza não consiga uma maioria absoluta nas eleições. Esse governo de centro-esquerda seria considerado uma solução quase europeia, que deixaria os mercados nervosos, mas não terrivelmente nervosos", comenta Couloumbis.
Pesquisas
A legislação grega proíbe a divulgação de pesquisa de opinião a partir de 15 dias antes das eleições. De acordo com os últimos dados oficiais disponíveis, o Nova Democracia teria em torno de 28% dos votos, o Syriza ficaria com cerca de 26% e o Pasok com 13%. Nos últimos dias, entretanto, rumores dão conta que o Nova Democracia teria ampliado um pouco sua liderança, com uma vantagem de até três pontos porcentuais sobre o Syriza.
Terminar em primeiro nas eleições é de extrema importância, seja por qualquer margem de votos, porque o partido que vence a disputa recebe um bônus de mais 50 cadeiras no Parlamento, que possui 300 lugares.
Caso os números das pesquisas se confirmem, Nova Democracia e Pasok conseguiriam juntos cerca de 170 assentos, uma maioria relativamente sólida.