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Eleição presidencial uruguaia coloca à prova legado de Mujica

Tabaré Vázquez lidera as pesquisas e busca consolidar a força da esquerda no Uruguai | Andres Stapff/Reuters
Tabaré Vázquez lidera as pesquisas e busca consolidar a força da esquerda no Uruguai (Foto: Andres Stapff/Reuters)
Lacalle Pou é o principal nome da oposição e ele ganhou força nas últimas semanas |

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Lacalle Pou é o principal nome da oposição e ele ganhou força nas últimas semanas

O presidente Mujica deslocou-se com o seu velho fusca para votar neste domingo no Uruguai |

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O presidente Mujica deslocou-se com o seu velho fusca para votar neste domingo no Uruguai

No mesmo dia em que os brasileiros escolhem o próximo presidente da República, os vizinhos uruguaios também vão às urnas. Mais de 2,6 milhões de eleitores estão cadastrados para eleger o sucessor de José Mujica, o presidente que ganhou os holofotes do mundo com uma personalidade carismática e medidas ousadas.

Em jogo na disputa está o legado de "Pepe" Mujica, que inclui avanços econômicos e redução da desigualdade social.

As pesquisas apontam uma polarização entre o ex-presidente Tabaré Vázquez, candidato da Frente Ampla apoiado por Mujica, e Luis La­­calle Pou, deputado que concorre pelo Partido Nacional. Sondagem divulgada na última semana pela consultoria Factum colocava Vázquez com 44% e Lacalle Pou com 32%, o que levaria os dois ao segundo turno. Na terceira colocação aparece o candidato do Partido Colorado, Pedro Bordaberry, com 15%.

Para Feliciano de Sá Guimarães, professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo (USP), a eleição deste ano colocará à prova a consolidação da Frente Ampla, coalizão de esquerda que em 2005 colocou fim a 175 anos de hegemonia dos partidos Nacional e Colorado.

"Caso Tabaré vença novamente as eleições esse processo se mostrará duradouro", afirma. Já uma vitória da oposição lançaria dúvidas principalmente sobre as políticas sociais do governo. "Se por um lado não há como revertê-las totalmente, um eventual governo de Pou terá de adotá-las com outros formatos e isso também está em aberto".

Avanços

Professora de Relações In­­ternacionais da Uni-ver­­sidade Federal do Rio de Ja­­neiro (UFRJ), Patricia Rivero cita o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), os baixos índices de desigualdade social e de corrupção como exemplos de avanço no governo Mujica.

Por outro lado, acredita que são necessárias melhorias sobretudo nas áreas de segurança e educação. "Nenhum governo democrático tem conseguido recuperar a qualidade pré-ditadura em educação, e há no Uruguai uma percepção de que a garantia de segurança ainda é um problema", diz.

O mito Mujica

Confira cinco fatos marcantes do governo do presidente uruguaio.

Discursos

Em setembro de 2013, ao discursar na cúpula da ONU, Mujica fugiu do lugar comum dos governantes e fez um discurso atacando duramente o consumismo e falando de questões como ciência e paz. Com isso, ganhou a atenção para seus pronunciamentos que usam um tom menos político e mais humanista.

Fusca

Uma das características que fizeram Mujica ganhar simpatizantes mundo afora foi sua simplicidade. Ele não usa carro presidencial e tem como único bem declarado um fusca ano 1985, avaliado em US$ 1 mil. Também dispensou a residência oficial para seguir vivendo em um pequeno sítio.

Casamento

Após a aprovação do Congresso, em abril de 2013, o Uruguai se tornou o segundo país da América do Sul a permitir legalmente o casamento de pessoas do mesmo sexo (o primeiro foi a Argentina). No ano anterior, o país também descriminalizou o aborto, desde que até a 12ª semana de gestação.

Maconha

O Uruguai foi o primeiro país do mundo a regular o cultivo e a venda da maconha. Em maio, após meses de discussão, o Congresso aprovou e o presidente José Mujica assinou a lei que autoriza o "uso recreativo" da droga. Segundo Mujica, a medida visa acabar com o tráfico e, com isso, reduzir a violência.

Salário

Como presidente, Mujica recebe um salário de 260 mil pesos uruguaios, aproximadamente R$ 28 mil. Desse montante, ele fica com apenas 10%. O restante é doado a pequenas empresas e Organizações Não Governamentais (ONGs). Esse é um dos motivos pelos quais foi chamado de "presidente mais pobre do mundo".

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