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Curitiba – O futuro de Kosovo foi um dos principais temas da campanha eleitoral na Sérvia, que realizou ontem sua primeira eleição geral desde a dissolução da Sérvia e Montenegro. Desde 1999, quando Kosovo passou a ser administrada pelas Nações Unidas, depois de uma campanha militar de quase três meses da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), a maioria albanesa que ocupa a província reivindica um estado independente.

Mesmo hoje, todas as lideranças políticas sérvias prometem "fazer o possível" para evitar a separação do território, considerado essencial na formação da cultura e da identidade sérvias nos últimos seis séculos. As lideranças conservadoras, como o Partido Socialista da Sérvia (SPS), do falecido presidente Slobodan Milosevic, ou o Partido Radical da Sérvia, cujo líder Voijslav Seselj está encarcerado no Tribunal Penal Internacional, em Haia, na Holanda, não têm um plano claro esboçado para Kosovo, embora observadores não descartem ações militares ou medidas políticas radicais que isolem o país a custo de manter a soberania sobre o território.

No caso do chamado "bloco democrático", cujos maiores partidos são o DSS (Partido Democrata da Sérvia), do premier Vojislav Kostunica, e o Partido Democrata (DS), do presidente Boris Tadic, a estratégia é fazer uma forte campanha diplomática junto à comunidade internacional. A atual administração vangloria-se, por exemplo, pela implementação da nova constituição, aprovada por um plebiscito, que declara a província de Kosovo como uma parte inalienável da Sérvia.

Enquanto isso, as negociações conduzidas pelos sérvios e albaneses no segundo semestre de 2006 foram infrutíferas. Espera-se que ainda em fevereiro o relator da Organização das Nações Unidas, Marti Athisari, que mediou as negociações, proponha uma solução ao caso. Matérias recém-publicadas pelo jornal francês Le Monde sugerem que a proposta do diplomata será uma espécie de "independência vigiada", em que o estado independente de Kososvo seria administrado pela comunidade internacional. UE

No entanto, em dezembro de 2006, a União Européia (UE) começou a dividir-se perante a questão. Espanha, Itália, Suécia, Grécia, e Eslováquia indicaram que a solução para Kosovo deverá ser "um compromisso aceitável pelos dois lados", ou seja, que a resolução sobre a província não se imponha contra a Sérvia e que respeite as vontades de ambas as partes.

Belgrado admite qualquer tipo de autonomia para Kosovo, contanto que a soberania da fronteira Sérvia seja mantida, de acordo com o regimento das Nações Unidas. O argumento sérvio é que Kosovo independente cria um precedente que fere a legislação internacional e abre caminho para a criação de dezenas de novos microestados onde há problemas entre maiorias e minorias étincas (como é o caso dos bascos na Espanha). Os albaneses pedem a independência.

O primeiro-ministro Kostunica sugeriu em entrevistas recentes que a Rússia e a China vetariam a independência da província no Conselho de Segurança da ONU. No entanto, é improvável que tanto a China quanto Rússia sacrifiquem o relacionamento diplomático com o Ocidente por causa de Kosovo. O presidente Tadic afirma que a argumentação sérvia teria mais chances se o país tivesse extraditado Ratko Mladic para o Tribunal Penal Internacional. Mladic é tido como o principal responsável pela operação militar que fez mais de 7 mil vítimas no que tornou-se conhecido como o massacre de Srebrenica, na Bósnia.

A Grã-Bretanha e França, assim como a maioria dos países da UE, continuam favoráveis à independência. A primeira-ministra Angela Merkel da Alemanha, que atualmente ocupa a presidência rotativa do bloco, disse na semana passada que a discussão sobre o estatuto final da província estará no topo da pauta da UE nos próximos seis meses.

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