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Curitiba – "Seja a Al Qaeda ou outros elementos ativos no Iraque, eles estão apostando na proposição de que podem romper com a disposição do povo norte-americano. Eles são muito sensíveis ao fato de que temos uma eleição marcada", disse o vice-presidente dos EUA, Dick Cheney, na última segunda-feira, justificando que o aumento da violência da insurgência no Iraque no mês de outubro é uma tentativa de influenciar no resultado da eleição parlamentar americana marcada para depois de amanhã.

Na habitual reza da sexta-feira em Teerã, no último dia 27, Ahmad Khatami, um dos líderes religiosos linha-dura do Irã, analisou e discursou naturalmente diante de milhares de fiéis sobre a possibilidade de derrota de Bush e do Partido Republicano nas urnas.

A proposição de Cheney pode até ser exagerada, mas nunca antes o mundo prestou tanta atenção a uma eleição que não irá escolher um novo chefe de governo.

Como ocorre a cada dois anos, na terça-feira os norte-americanos escolherão os 435 novos representantes da Câmara dos Deputados. No Senado, apenas um terço das cem vagas estarão em disputa. A dia também será decisivo em 36 dos 50 estados, que escolhem o novo governador.

"As eleições legislativas são feitas em meio às do executivo, para dar um sinal verde ou um sinal vermelho ao presidente. A perspectiva de vitória democrata, seja por qual for a razão que mobilize o eleitorado, representa um veto a Bush", afirma o professor de Relações Internacionais da UERJ, Williams Gonçalves.

Diversos assuntos estão na pauta das eleições – economia, imigração, segurança nacional, sistema de saúde, escândalos, questões sociais – e todos devem influenciar menos ou mais o eleitorado indeciso, mas, segundo especialistas, nenhum tem a dimensão e a importância do que os rumos da guerra no Iraque.

Os democratas usaram o conflito como o grande cabo eleitoral durante a campanha. Mesmo sem apresentar um plano satisfatório para solucionar o problema, a estratégia tem funcionado. Segundo as pesquisas, os republicanos devem perder a maioria na Câmara, depois de 12 anos à frente da Casa, e também há a possibilidade de perderem a supremacia no Senado, onde a briga é mais polarizada.

Se as previsões se confirmarem, os últimos dois anos do governo Bush podem ser decisivos para a retirada das tropas norte-americanas do Iraque. É o que acredita o professor de Relações Internacionais das Faculdades Rio Branco (SP) Gunther Rudzit.

"Se realmente acontecer de as duas casas serem controladas pelos democratas, a administração vai ter alguns problemas, especialmente na aprovação do orçamento. Os democratas também vão pressionar para uma retirada do Iraque, porque se depender do Bush ele planeja empurrar essa decisão para o próximo presidente", afirma.

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