Olhando pela janela nesta sexta-feira, o céu está azul, mas está tudo muito quieto. Em Washington D.C., onde moro, os negócios estão todos fechados com tapumes, prevendo protestos violentos. Ansiedade e apreensão estão no ar. Dá quase para tocar com a mão. Tem havido muita tensão nesses dias de eleição, mas eu ainda tenho esperança.
Esse ano foi diferente de qualquer outro. Vimos agitação e conflito nos Estados Unidos em níveis que a maioria de nós nunca tinha visto. Somando a incerteza e a devastação causadas pela pandemia de Covid-19; a violência nas ruas, com saques e depredação; e os protestos do Black Lives Matter e do Antifa, as pessoas estão presenciando conflito quase que dia sim, dia também.
Apoiadores do ex-vice-presidente Joe Biden estão se enfrentando com apoiadores do presidente Donald Trump. Os insultos já viraram confronto físico. A polarização crescente está nos levando a odiar os que pensam de forma diferente; nossa capacidade de entender e ter empatia entrou em colapso. Se você não está comigo, está contra mim – foi nisso que nos transformamos em 2020.
Deveríamos ser os Estados Unidos da América. Mas, agora, parece que somos os Estados Divididos da América
Mas não precisava ser assim. Houve uma época, não faz tanto tempo assim, em que podíamos discordar sobre política com educação. Quando o fato de alguém escolher um candidato não o impedia de ter amigos que apoiavam o candidato adversário. Quando acreditávamos que nossas diferenças e divergências eram construtivas e nos tornavam mais fortes.
Perdemos de vista o fato de que deveríamos ser os Estados Unidos da América. Nunca vimos um ciclo eleitoral em que os eleitores não podem admitir em quem votaram. Mas, agora, parece que somos os Estados Divididos da América. E, como afirmou Abraham Lincoln, ícone do Partido Republicano, “Uma casa dividida contra si mesma não tem como permanecer”. Eu arrisco dizer que desde a Guerra Civil não se via tanto ódio, irmão contra irmão, irmã contra irmã.
Não podemos nos deixar dividir. Minha esperança é de que deixemos essa eleição para trás. Independentemente de quem ganhe, haverá frustração, decepção e raiva. Mas precisamos nos conter e evitar comportamentos destrutivos. Precisamos manter a civilidade e a paciência.
Por mais bagunçada que essa nossa democracia possa parecer às vezes, ela funciona. Se a deixarmos trabalhar, ela continuará fazendo de nós a maior nação do planeta.
E, nos dias que estão para vir, é crucial que não percamos de vista o fato de que a América não se tornou líder do mundo livre por uma feliz coincidência. Nossas instituições foram desenhadas para transições pacíficas de poder, para que partidos políticos trabalhassem em conjunto, apesar das diferenças, para atingir a grandeza. Para manter essa longa tradição, temos de nos respeitar para além de divisões políticas e reconhecer que uma diferença de opinião não equivale a diferenças de moralidade. Não podemos deixar o ódio, o caos e a destruição vencerem.
Temos de agir cuidando uns dos outros. O mundo assiste a essa eleição com a respiração presa, e vai julgar nossa força com base na resposta que dermos a esse momento conturbado. América, é a nossa chance de mostrar à comunidade internacional que estamos comprometidos com a democracia, com a civilidade e com o respeito ao resultado de uma de nossas liberdades mais estimadas, pela qual tantos lutaram e morreram: o direito de votar e escolher nossos líderes. Isso está no centro do orgulho de ser americano.
Quando isso acabar, vença quem vencer, é hora de voltarmos à melhor versão de nós mesmos. Há muito tempo os Estados Unidos têm sido um modelo para o resto do mundo, então vamos manter o padrão elevado. Vamos eleger a civilidade, e que decidamos permanecer como um bastião de estabilidade e liberdade para as demais nações.
Armstrong Williams é colunista do Daily Signal e apresentador do programa de rádio The Armstrong Williams Show.
©2020 Daily Signal. Publicado com permissão. Original em inglês.
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