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O Museu do Brooklyn, em Nova York, é um dos locais onde os eleitores norte-americanos podem depositar seus votos antecipadamente. Imagem de 28 de outubro de 2020.
O Museu do Brooklyn, em Nova York, é um dos locais onde os eleitores norte-americanos podem depositar seus votos antecipadamente. Imagem de 28 de outubro de 2020.| Foto: AFP

As eleições presidenciais de 2020 nos Estados Unidos, que ocorrem no dia 3 de novembro são o pleito mais atípico da história recente do país. A pandemia do coronavírus fez com que modalidades alternativas de votação, permitidas nos EUA, fossem adotadas amplamente, de forma nunca vista antes.

Segundo o United States Elections Project, que compila dados do sistema eleitoral dos Estados Unidos, até o início desta semana 70 milhões de americanos já haviam votado de forma antecipada. O número é maior que a metade da quantidade total de votos registrada em 2016. Esses votos podem ser depositados tanto por correspondência quanto presencialmente, em locais definidos.

Tudo sobre as eleições de 2020 nos Estados Unidos

Essa peculiaridade vai interferir na apuração dos votos, vez que as cédulas enviadas pelo correio exigem um tempo muito maior de abertura, processamento e contagem em comparação aos votos depositados em urnas presenciais – lembrando que, ao contrário do que ocorre no Brasil, a votação nos EUA é manual, não via urna eletrônica. A divulgação final do resultado, portanto, pode demorar mais do que o normal.

Nos Estados Unidos, a madrugada que sucede a eleição presidencial é considerada uma noite especial, quando se sabe quem será o próximo presidente do país. Embora a confirmação oficial só ocorra em dezembro, no Colégio Eleitoral, quando os delegados estaduais se reúnem para votar, o resultado obtido na noite de eleição, quando são divulgados os votos populares, dificilmente é modificado na reunião dos delegados. Em 2020, contudo, as coisas serão diferentes.

“Os americanos devem se preparar para esperar pelos resultados bem depois do dia da eleição. Pode levar dias, até semanas, para contar um número recorde esperado de votos pelo correio – algo com que muitos estados têm pouca experiência (...). Em vez de esperar resultados no dia da eleição, pode ser melhor se preparar para uma ‘semana da eleição’ ou até mesmo um ‘mês da eleição’”, prevê o Centro Brennan para a Justiça, instituto jurídico bipartidário da Faculdade de Direito da Universidade de Nova York.

Apuração nos estados

De acordo com levantamento do jornal New York Times, somente oito dos 50 estados norte-americanos esperam ter apurado ao menos 98% dos votos até o meio-dia de 4 de novembro, dia seguinte à eleição. Outras 22 localidades, além do Distrito de Columbia, onde está localizada a capital Washington, vão receber votos enviados pelo correio que cheguem após o dia 3. No Michigan e na Pensilvânia, considerados dois estados-chave nas eleições deste ano, autoridades já disseram que a apuração deve se estender por dias.

Os estados que vão receber votos pelo correio após o dia 3 de novembro são: Alasca, Califórnia, Carolina do Norte, Dakota do Norte, Distrito de Colúmbia, Illinois, Iowa, Kansas, Kentucky, Maryland, Massachusetts, Minnesota, Mississippi, Nevada, Nova Jersey, Nova York, Ohio, Pensilvânia, Texas, Utah, Virgínia, Virgínia Ocidental e Washington.

O prazo de contagem dos votos por correspondência varia de estado para estado – e às vezes até de condado para condado. Em alguns, a divulgação dos resultados se dará diariamente, independentemente do prazo final para a chegada das cédulas pelo correio, enquanto outros vão publicizar a apuração desses votos em datas pré-determinadas.

O fator judicial

Além da questão dos votos enviados por correio, uma eventual judicialização dos resultados também pode atrasar o resultado definitivo das eleições de 2020 nos EUA. O próprio presidente Donald Trump, que concorre à reeleição, já disse que o pleito “deve acabar na Suprema Corte”. Esse, inclusive, foi um dos motivos apresentados pelo republicano para nomear tão rapidamente a juíza Amy Coney Barrett ao mais alto tribunal do país, após a morte de Ruth Bader Ginsburg em setembro.

Isso ocorreu nas eleições de 2000, disputadas por George W. Bush (Partido Republicano) e Al Gore (Partido Democrata), quando a contagem de votos foi contestada na Flórida, considerado um dos estados mais importantes na corrida presidencial norte-americana por seu alto número de delegados no Colégio Eleitoral (29). Enquanto a Justiça da Flórida ordenou a recontagem de votos, a Suprema Corte dos EUA acabou decidindo, por 7 a 2, que a ordem judicial estadual era inconstitucional. No dia 13 de dezembro daquele ano, Gore reconheceu que havia perdido para Bush no estado.

O pleito de 2000 nos EUA foi um dos casos em que o candidato que venceu na votação popular acabou perdendo no Colégio Eleitoral. Apesar de Al Gore ter obtido 48,48% dos votos totais contra 47,87% de Bush, o republicano conquistou 271 delegados, ao passo em que o candidato democrata ficou com 266.

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