A magra liderança da conservadora Angela Merkel nas eleições da Alemanha neste domingo parece pequena demais para desencadear uma grande mudança no equilíbrio de poder na União Européia ou acelerar o ritmo da reforma econômica.
- Isso não representa tanta mudança na política econômica, como muita gente esperava, mas ainda representa uma mudança significativa, pelo menos no tom da política externa - disse o diretor do Centro para Reforma Européia, Charles Grant.
Merkel reconheceu que, com base nas pesquisas de boca-de-urna, seu partido, a União Democrata Cristã (CDU), provavelmente terá menos do que os votos necessários para evitar uma coalizão com o Partido Social-Democrata (SPD), do chanceler Gerhard Schroeder.
A margem de vitória foi tão pequena que Schroeder, longe de admitir a derrota, disse que vai continuar como chanceler.
Uma aliança com o FDP dificultará o plano de Merkel de implementar uma agenda de reformas favoráveis aos empresários, tanto na Europa como na Alemanha. Ela disse que vai se concentrar menos na tradicional aliança com a França e se dedicará mais à reconstrução dos laços com os Estados Unidos, Grã-Bretanha e novos membros importantes da União Européia, como a Polônia. A vitória apertada do CDU, no entanto, poderia acabar com o apoio do primeiro-ministro britânico, Tony Blair, por reformas no mercado de trabalho e no orçamento da UE.
- Na Europa, não vai haver muita mudança - disse o diretor do Centro de Estudos Políticos Europeus, Daniel Gros, em Bruxelas.
Entretanto, a provável alteração na liderança do maior país da Europa poderá significar um período menos decisivo na política regional, segundo analistas.
O continente estava rachado quando países como Reino Unido, Espanha e Itália apoiaram os EUA na invasão do Iraque, mas França e Alemanha se opuseram fortemente.
- Pode-se esperar uma Europa mais equilibrada. Ainda temos uma UE dividida em dois campos no que se refere à guerra do Iraque - disse Katinka Barysch, do Centro para Reforma Européia.
Outros analistas acreditam que Merkel não conseguirá avançar rapidamente na reaproximação com os Estados Unidos, devido à opinião pública alemã que ainda é bastante hostil à política externa de Washington.
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