A venezuelana María Corina Machado, principal nome da oposição do regime ditatorial de Nicolás Maduro, vai recorrer da decisão que a tornou inelegível. Com eleições previstas para acontecer no país em 2024, Corina venceu as primárias de outubro, mas foi considerada “inabilitada para concorrer ao cargo por 15 anos”. A decisão foi da Controladoria-Geral da Venezuela que, devido ao regime ditatorial imposto na Venezuela, é controlado por Maduro.
Os candidatos que desejam concorrer o pleito ao lado do autocrata em 2024, tinham até a última sexta-feira (16) para acionar o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) venezuelano para pedir revisões em sua candidatura. Corina e sua equipe já haviam informado que não recorreriam ao órgão porque não havia sido formalmente notificada sobre sua inelegibilidade.
"Se eu não fui notificada de nenhum procedimento, dificilmente pode haver algum prazo em vigor, certo?", disse a ex-deputada na quinta-feira, antes de comparecer ao tribunal. Apesar disso, a embaixada dos Estados Unidos na Venezuela comemorou a decisão de Corina de acionar o órgão para rever sua desqualificação do pleito.
"Aplaudimos María Corina Machado e os outros candidatos por sua coragem e disposição de recorrer de suas desqualificações. Agora cabe aos representantes de Nicolás Maduro demonstrar seu compromisso com eleições competitivas e inclusivas", disse a embaixada no X, antigo Twitter.
A candidata e sua equipe, no entanto, ainda não confirmaram a informação divulgada pela embaixada norte-americana. "A posição é a mesma, não há desqualificação ou notificação, portanto não vou recorrer desse procedimento. O que nós estabelecemos é uma via de fato, uma alegação dizendo que não há desqualificação. Ninguém está nos tirando da via eleitoral. A bola está do lado de Maduro", disse Corina à imprensa ao ser vista no STJ.
As eleições presidenciais da Venezuela de 2024 têm sido observadas de perto por organismos internacionais. Caracas chegou a um acordo com os Estados Unidos nas últimas semanas com a intenção de aliviar os embargos do país as compras de petróleo venezuelano desde que o país se comprometa a fazer eleições democráticas e seguras.
Maduro e sua equipe afirmam estar comprometidos com o acordo. A desqualificação de María Corina do pleito para ano que vem, contudo, tem acendido um alerta de que o país possa não cumprir sua parte no tratado.