Gabriel Boric, da Frente Ampla de Esquerda, e o advogado conservador José Antonio Kast se enfrentam numa eleição que deve ser decidida voto a voto| Foto: EFE/Elvis González
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No próximo domingo (19), os chilenos vão às urnas para escolher um novo presidente, numa corrida eleitoral que deverá ser voto a voto. Duas pesquisas a que a agência Reuters teve acesso esta semana indicam uma disputa totalmente indefinida, com um levantamento colocando o advogado de direita José Antonio Kast na liderança e outro tendo à frente o candidato da Frente Ampla de Esquerda Gabriel Boric.

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Nesta quinta-feira (16), a agência informou que uma pesquisa feita pela consultoria AtlasIntel indicou que Kast tem 48,5% das intenções de voto, enquanto Boric tem 48,4%. Outro levantamento, da consultoria Cadem e ao qual a Reuters teve acesso no início da semana, mostrou Kast com 36% das intenções de voto, apenas três pontos atrás de Boric.

No primeiro turno, realizado em 21 de novembro, o candidato conservador teve 28% dos votos, e o esquerdista, 26%. Na primeira eleição desde o retorno à democracia em que os partidos tradicionais de centro-esquerda e centro-direita não conseguiram chegar ao segundo turno, o consenso é que os chilenos deverão escolher entre o governo mais à esquerda desde Salvador Allende (1970-1973) ou o mais à direita desde Augusto Pinochet (1973-1990).

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Boric, um deputado de 35 anos e ex-líder estudantil que se descreve como ambientalista, feminista e regionalista, quer expandir o papel do Estado para um modelo de bem-estar social semelhante ao da Europa. Kast, um advogado católico de 55 anos, pretende reduzir o papel do Estado, baixar os impostos, lidar duramente com a migração irregular e proibir todas as formas de aborto.

A campanha do segundo turno foi marcada por polêmicas. A agência Associated Press publicou uma investigação mostrando uma carteira de identidade que mostrava o registro do partido nazista de um homem chamado Michael Kast, nome do pai do candidato conservador, com data e local de nascimento coincidentes.

Kast respondeu, em entrevista a uma rádio chilena, que, “além de um pedaço de papel”, ele e toda a sua família “abominam” os nazistas. Antes, o candidato já havia reconhecido a participação do pai nas Forças Armadas alemãs durante a Segunda Guerra Mundial, mas alegou que ele foi recrutado à força.

Durante debates, Kast alfinetou Boric sobre uma acusação de assédio sexual, da época em que era líder estudantil, e sobre uso de drogas. No primeiro caso, o candidato esquerdista disse que nenhuma acusação foi feita formalmente e se disse “disponível a qualquer investigação”.

Em novembro, quando o assunto surgiu na mídia chilena, Boric já havia admitido que no seu período de líder estudantil havia feito “comentários machistas inaceitáveis” e pediu desculpas. Kast, que no debate falou em acusações de “abuso”, depois se desculpou e disse que as acusações imputadas ao adversário seriam de assédio, mas considerou que o esquerdista ainda “precisa se esclarecer com a vítima”.

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Sobre o segundo assunto, Boric apresentou um teste negativo de drogas, após insinuações de Kast devido ao fato de o esquerdista se dizer favorável ao cultivo de maconha para consumo próprio, à qual o candidato conservador se opõe.

A partir da noite de domingo, um deles terá a missão de pacificar o Chile, cuja vida política segue abalada desde os protestos de rua de 2019. “É uma eleição muito incerta em um ano muito anormal. São dois anos muito anormais e, dos tumultos sociais em diante, nada é previsível”, afirmou Kenneth Bunker, diretor da consultoria Tresquintos, à Reuters.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]