As principais diferenças entre os partidos políticos norte-americanos ficaram evidentes na forma com que a temática dos distúrbios nas grandes cidades do país foi tratada em suas convenções. O caos e a destruição recentes, supostamente praticados em nome da justiça racial, tornaram-se um ponto focal para uma discussão mais ampla sobre o caráter fundamental da nação.
Ou a América "não é um país racista", para citar o discurso de Nikki Haley, ex-governadora da Carolina do Norte, na primeira noite da Convenção Nacional do Partido Republicano, ou, como sugeriram muitos discursos na Convenção Nacional do Partido Democrata, vivemos em um país imperdoavelmente marcado pelo preconceito.
Os democratas se mostraram relutantes em criticar os protestos; muitos toleraram. A Convenção Democrata foi notadamente silenciosa sobre as manifestações violentas e o aumento da violência em cidades por todo o país – segundo as pesquisas, a maioria dos americanos considera esse ponto "muito importante" para decidir seu voto em 2020. Ao mesmo tempo, elogiava o Black Lives Matter e enfatizava a necessidade de uma reforma da polícia.
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O Partido Democrata adotou de forma ampla o progressismo urbano que possibilitou a violência recente. A retórica do partido sobre raça e justiça criminal parece cada vez mais derivada do radicalismo da academia, não de uma compreensão significativa sobre como a aplicação da lei impacta nas comunidades urbanas.
O tom da Convenção Nacional Republicana foi significativamente mais otimista. Parte disso, com certeza, é reflexo natural de uma convenção de nomeação de um candidato que busca a reeleição. O evento, porém, não foi inteiramente dedicado a um “culto da personalidade trompista”, como os detratores do presidente alegaram. Na verdade, foi a Convenção Democrata que se dedicou mais à figura de seu candidato, Joe Biden, do que para discutir questões políticas.
A reforma da justiça criminal foi fundamental na Convenção Republicana. Em um momento memorável, o presidente Trump perdoou um ex-ladrão de banco que desenvolveu uma organização sem fins lucrativos a fim de ajudar outros prisioneiros. E apesar das acusações de que o Partido Republicano estava querendo passar uma mensagem para a sua base de eleitores brancos ao abordar a questão do crime, vários líderes afro-americanos falaram durante o evento, com destaque para o discurso do senador Tim Scott, da Carolina do Sul, na primeira noite. Esses líderes elogiaram os esforços do governo para passar uma legislação de reformas, como o First Step Act.
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Ao mesmo tempo, muitos que discursaram no evento republicano enfatizaram a importância de resistir aos esforços da esquerda para eliminar o financiamento da polícia, chamando a atenção para o efeito desastroso que uma política assim teria nas comunidades mais vulneráveis. As pesquisas mostram que uma maioria significativa de negros e hispano-americanos é a favor de contratar mais, e não menos, policiais.
A Convenção do Partido Democrata apresentou a reforma da justiça criminal como um esforço desesperado para transformar uma instituição destrutiva em meio a um país profundamente injusto. A Convenção Nacional Republicana, ao contrário, apresentou a reforma como uma forma de expandir a “promessa da América”. Para usar uma frase de Scott, “temos trabalho a fazer, mas acredito na bondade da América: a promessa de que todos os homens e mulheres são criados iguais”.
Vimos, então, duas Américas divergentes entre si em exibição nas convenções. Uma se trata de um lugar fundamentalmente decente, onde a liberdade e a justiça, ainda que mal distribuídas, podem ser estendidas a todos com reformas sensatas. A outra é um país racista, que só pode ser salvo por meio da perseguição de um programa político radicalmente transformador que, faça a América nascer novamente. Em novembro, o eleitor norte-americano terá que escolher uma ou outra.
*Nate Hochman é escritor e já teve trabalhos publicados no National Review, Spectator USA, The Dispatch, entre outros.
©2020 City Journal. Publicado com permissão. Original em inglês.
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